Comédia de Natal da Netflix mistura roubo, romance e desigualdade social
Feliz Assalto (Jingle Bell Heist, 2025), novo filme natalino da Netflix dirigido por Michael Fimognari e escrito por Abby McDonald ao lado de Amy Reed, apresenta uma proposta curiosa para o catálogo de fim de ano da plataforma: uma comédia romântica guiada por um roubo e por personagens que usam o crime como última alternativa diante de crises pessoais. Com Olivia Holt e Connor Swindells no centro da trama, o longa equilibra humor, drama e críticas sociais enquanto acompanha dois ladrões que se unem para assaltar uma das maiores lojas de departamentos de Londres na véspera de Natal. Confira a crítica do filme;
Pequenos furtos e saúde pública: a trama de Jingle Bell Heist
A narrativa começa ao mostrar a rotina de Sophia, funcionária e ladra ocasional da icônica loja Sterling, que utiliza pequenos furtos para complementar a renda e ajudar a mãe, internada em um hospital público. Quando suas ações são flagradas por Nick, ex-presidiário e antigo consultor de segurança do mesmo estabelecimento, a dupla forma uma parceria improvável. Pressionados por dificuldades financeiras e desafios familiares, eles encontram no crime uma oportunidade de resolver seus problemas — e, no processo, acabam descobrindo afinidades inesperadas.
Ainda que o filme utilize elementos clássicos de comédias românticas natalinas, a relação entre Sophia e Nick não é tratada como eixo central. Fimognari aposta em um desenvolvimento mais gradual, deixando que a conexão entre eles se estabeleça por meio de diálogos, frustrações e tentativas atrapalhadas de organizar o plano perfeito. A dinâmica funciona sobretudo pela química dos protagonistas, que sustentam grande parte da narrativa com humor e vulnerabilidade.
O assalto em si, porém, não é o ponto alto. A execução é simples e pouco tensionada, funcionando mais como ferramenta dramática do que como espetáculo visual. O roteiro prefere investir nas motivações pessoais dos personagens, que lidam com temas como precarização do trabalho, burocracias do sistema de saúde e desigualdade de renda — tópicos que ganham peso ao contrapor a vida dura da dupla ao estilo de vida de Maxwell Sterling (Peter Serafinowicz), dono da loja e fraudador de seguros que enriquece por meio de esquemas ilícitos.
Essa crítica social leve, somada ao ambiente melancólico de uma Londres cinzenta, cria um contraste interessante com o clima festivo esperado em produções natalinas. O longa abraça esse tom mais contido, o que pode afastar quem busca histórias mais agitadas, mas aproxima o filme de dramas contemporâneos que exploram dilemas reais por trás de narrativas aparentemente leves.

Crítica: vale à pena assistir Feliz Assalto na Netflix?
Mesmo com ritmo irregular, Feliz Assalto encontra força no carisma de seu elenco. Olivia Holt entrega uma protagonista espirituosa, enquanto Connor Swindells interpreta Nick com sensibilidade. Lucy Punch se destaca como Cynthia Sterling, acrescentando humor à história com uma presença marcante.
No fim, Feliz Assalto se apoia menos no romance e mais na jornada emocional dos personagens, oferecendo uma variação interessante dentro do gênero. Não é um filme que busca grandes reviravoltas, mas apresenta momentos envolventes e comentários sutis sobre sobrevivência e moralidade em meio às festas de fim de ano. Para quem procura algo diferente das tradicionais produções natalinas, o longa pode ser uma escolha curiosa dentro do catálogo da Netflix (assista).