Extermínio A Evolução (28 Years Later, 2025) - Crítica do filme Extermínio A Evolução (28 Years Later, 2025) - Crítica do filme

Extermínio: A Evolução (28 Years Later) | Crítica do Filme

Em 28 Anos Depois (28 Years Later, 2025), Danny Boyle retorna como diretor ao universo inaugurado por Extermínio (2002), ao lado do roteirista Alex Garland. O filme funciona menos como uma continuação direta — ou uma mera sequência — e mais como uma reinterpretação ousada do conceito original, atualizando o horror zumbi para um mundo saturado de apocalipses. A obra conjuga emoção, crítica social e estética contemplativa para estabelecer um novo padrão dentro de um gênero já amplamente explorado.

Enredo, personagens e a nova ordem apresentada em Extermínio: A Evolução

O filme começa conectando passado e presente: uma abertura intensa nas Terras Altas da Escócia mostra crianças presenciando os primeiros momentos da catástrofe biológica, interrompidos por uma horda de infectados. Esse prólogo estabelece o tom sombrio, apocalíptico, mas simbólico.

Extermínio A Evolução (28 Years Later, 2025) - fatos e curiosidades do filme

Décadas depois, somos levados a uma comunidade isolada numa ilha de Northumberland — batizada Ilha Sagrada — onde uma nova geração vive sob rígidos rituais e mitos. Spike (Alfie Williams), garoto de doze anos, convive com seu pai Jamie (Aaron Taylor-Johnson), uma mãe enferma (Isla, interpretada por Jodie Comer) e os segredos que rondam a própria fundação da comunidade.

A narrativa segue Spike à medida que ele questiona o mundo que herdou: a relação com o pai, os poderes religiosos da comunidade, a promessa de cura — essa jornada é tanto externa (através de floresta e confronto com infectados) quanto interna, permeada por alucinações, culpa, medo e esperança.

A estética de 28 Years Later

Boyle e Garland empregam uma estética contrastante: há momentos visceralmente sangrentos, investidas de horror que parecem vindas dos videogames e da cultura pop contemporânea, e ao mesmo tempo cenas contemplativas, com natureza exuberante, florestas úmidas, luz difusa, estética quase de conto de fadas. Essa dualidade reforça o esforço do filme em fugir dos clichês do gênero zumbi.

Os infectados não são todos iguais: existem os lentos, rastejantes e grotescos, e há versões velozes, furiosas e até inteligentes. Aparece também uma figura-monstro, batizada de Alfa, que encarna tanto perigo físico quanto simbólico.

A trilha sonora e o design de produção ajudam a criar tensão, mas também uma certa beleza soturna, combinando horror com lirismo visual.

Atores, personagens e performances

Williams — como Spike — consegue segurar a narrativa, atuando como centro emocional do filme. Sua inocência confrontada com exigências de maturidade — físicas e morais — traduz o ponto de vista humano em meio ao caos.

Aaron Taylor-Johnson vive o pai imperfeito Jamie: carismático, porém cheio de sombras e segredos, ele impõe autoridade, mas também gera tensão moral. Jodie Comer, por sua vez, desempenha Isla, mãe do garoto, personagem marcada pela doença, pela alucinação, pela fragilidade, o que cria contrapontos emocionais importantes.

Ralph Fiennes surge como Ian Kelson, figura ambígua com promessas de cura e necessidade de questionamento — é por meio dele que o filme tenta costurar reflexões mais profundas sobre morte, legado e memória.

Limitações e críticas

Embora muito do que 28 Anos Depois faz funcione bem, o filme também acusa lacunas. O terceiro ato, por vezes, se apoia numa estrutura que parece preparar terreno para continuações, o que dilui o foco narrativo alcançado anteriormente.

Também há momentos em que os excessos dramáticos — atuações mais caricatas ou melodramáticas — comprometem a imersão. A presença e os monólogos de Fiennes introduzem um tom distinto, quase didático, que pode parecer deslocado para quem esperava terror puro.

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Mensagem, impacto e legado: vale à pena assistir Extermínio: A Evolução? – Crítica

Apesar dessas falhas, 28 Anos Depois se destaca por buscar algo além do susto: atravessa o gênero para provocar reflexão sobre humanidade, morte e memória. Em contraste com sequências anteriores da franquia, este filme não só mostra zumbis e caos, mas também como comunidades isoladas reagem ao medo, ao fanatismo e à esperança de redenção.

Para fãs do gênero, e para quem busca terror aliado à emoção — ou ao horror existencial —, 28 Anos Depois representa uma evolução bem-vinda. Não simplesmente revive um clássico; amplia seu escopo moral e emocional. A história pode estar apenas começando, mas o filme já garante que será difícil ignorar este novo capítulo de Extermínio.