O k-drama Eu Não Sou Um Robô (I’m Not a Robot), estrelado por Yoo Seung-ho, Chae Soo-bin e Um Ki-joon, chegou à Netflix (já disponível para o assinante assistir) e reacendeu o interesse por uma das produções mais curiosas do gênero romântico sul-coreano. Exibida originalmente pela emissora MBC entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018, a série conta com 32 episódios e mistura comédia, romance e um toque de ficção científica para discutir temas humanos universais. Confira a nossa crítica:
A trama de Eu Não Sou Um Robô
O enredo acompanha Kim Min-kyu (Yoo Seung-ho), um jovem herdeiro de uma grande empresa que vive isolado devido a uma rara alergia ao contato humano. Cada vez que toca em outra pessoa, ele desenvolve reações alérgicas graves, o que o força a viver em solidão. Sua rotina muda quando conhece Jo Ji-ah (Chae Soo-bin), uma inventora que tenta emplacar suas ideias no mercado, mas enfrenta dificuldades de reconhecimento.
Ji-ah é recrutada para substituir secretamente um robô criado à sua imagem, o Aji 3, desenvolvido por seu ex-namorado, o professor Hong Baek-kyun (Um Ki-joon). Por conta de falhas técnicas, Ji-ah precisa fingir ser o robô em testes com Min-kyu. A partir daí, nasce uma relação inesperada entre o protagonista e a “máquina”, que na verdade é uma jovem de carne e osso.
Amor, isolamento e identidade no K-Drama
Embora a premissa pareça improvável, Eu Não Sou Um Robô se apoia em questões emocionais profundas. A alergia de Min-kyu funciona como metáfora para o medo de confiar nos outros e para os efeitos psicológicos da solidão. A relação dele com Ji-ah, mesmo sob uma mentira, o ajuda a reavaliar sua vida e a se abrir novamente para a experiência do afeto.
A série também dialoga com a ideia de identidade. Ji-ah interpreta dois papéis simultâneos: sua versão humana e a versão robótica que tenta imitar. A atuação de Chae Soo-bin ganha destaque justamente pela habilidade em alternar entre a ingenuidade de uma androide e a espontaneidade de uma mulher comum.
Produção e narrativa
A direção de Jung Dae-yoon aposta em um equilíbrio entre romance leve e momentos de reflexão. Os flashbacks são um recurso recorrente e ajudam a aprofundar a construção dos personagens, revelando traumas e motivações. Mesmo que a audiência durante a transmissão original não tenha sido expressiva, a série encontrou espaço no streaming por sua abordagem criativa.
O tom cômico também sustenta boa parte da narrativa. Situações absurdas, como Ji-ah tentando agir como robô e falhando em gestos simples, geram momentos de humor que contrastam com a melancolia de Min-kyu. Essa mistura mantém o ritmo dinâmico ao longo dos episódios.
Elenco e atuações
Yoo Seung-ho entrega uma interpretação que equilibra a fragilidade de alguém marcado pela solidão com o carisma de um herdeiro excêntrico. O público acompanha sua transformação ao longo da série, passando da desconfiança ao aprendizado sobre confiança e amor.
Chae Soo-bin, por sua vez, é um dos grandes trunfos da produção. Ao viver simultaneamente Jo Ji-ah e Aji 3, ela demonstra versatilidade e consegue transmitir tanto a comicidade quanto a vulnerabilidade de sua personagem. Já Um Ki-joon dá profundidade ao professor Hong Baek-kyun, que também amadurece ao longo da trama.
Personagens secundários de Eu Não Sou Um Robô
Além do casal principal, a série dedica espaço a personagens coadjuvantes bem construídos. A equipe Santa Maria, responsável pelo desenvolvimento do Aji 3, funciona como núcleo de apoio e alívio cômico. Relações paralelas, como os romances de Sun-hye e Hoktal ou de Hong e Angela Jin, ampliam o leque de histórias e reforçam o tema central: a busca por pertencimento e afeto.
Até mesmo personagens inicialmente vistos como antagonistas, como Hwang Yoo-chul e Ye Ri-el, passam por transformações que os afastam de estereótipos previsíveis.
O impacto do romance
O grande atrativo de Eu Não Sou Um Robô está na relação entre Min-kyu e Ji-ah. O romance se desenvolve de forma gradual, explorando tanto os momentos de descoberta quanto os conflitos decorrentes da mentira central da trama. Quando a verdade sobre Aji 3 vem à tona, a narrativa atinge um ponto de tensão que coloca à prova a confiança entre os protagonistas.
O drama não se resume ao casal. Ele questiona até que ponto é possível amar alguém em meio a ilusões e como as feridas emocionais podem ser curadas pela convivência e pelo afeto genuíno.
O final e os temas em aberto
O desfecho da série apresenta a superação de Min-kyu e a consolidação de seu relacionamento com Ji-ah. Ainda que alguns espectadores tenham considerado o final apressado, ele cumpre a função de mostrar a cura emocional do protagonista. Questões secundárias, como a identidade da misteriosa Madame X ou o destino definitivo do Aji 3, permanecem em aberto, estimulando interpretações do público.
Apesar disso, a série se encerra de maneira positiva, reforçando a mensagem de que o amor e a confiança são capazes de transformar até as situações mais improváveis.
Crítica: Vale à pena assistir Eu Não Sou Um Robô na Netflix?
Eu Não Sou Um Robô pode parecer, à primeira vista, apenas uma comédia romântica com elementos de ficção científica. No entanto, sua força está na forma como mistura leveza e reflexão, explorando sentimentos humanos através de uma trama inusitada.
Agora disponível na Netflix, o drama sul-coreano encontra uma nova audiência e se apresenta como uma opção para quem busca uma história de romance diferente, que combina humor, emoção e uma boa dose de originalidade.