“Sou apenas um garoto do Brooklyn” – Capitão América
A cultura pop/nerd se disseminou assombrosamente ao longo de meio século. O que começou no final da década de 1970 com Star Wars foi angariando fãs cada vez mais apaixonados. Antes disso, é claro, esse público se concentrava majoritariamente nas HQs da Marvel e DC Comics (no que diz respeito à cultura estadunidense). Hoje o que não falta é opção para exercer nossa nerdice, com a otimização de diversas plataformas (filmes, livros/HQs, games, séries) regadas a uma internet mais estabelecida como nunca.
O Capitão América é um desses icones pop. Criado por Joe Simon e Jack Kirby em 1941, Sua origem é muito bem retratada em Capitão América – O Primeiro Vingador (2011): um jovem raquítico fisicamente, mas de alma heroica, até ganhar super-poderes ao voluntariar-se para o experimento do super soldado. Seu bairro? O Brooklyn, bairro mais populoso de Nova York. Chama atenção também o fato de Steve Rogers, seu principal alter ego, adotar quase sempre uma postura nacionalista porém contra o governo norte americano, característica que o possibilita ter muito mais adoradores ao redor do mundo frente ao “anti-americanismo”.
Recentemente, saiu uma notícia informando que o referido bairro ganhará uma estátua em homenagem ao bandeiroso (imagem do esboço ao lado), pois o personagem (mesmo que fictício) é um orgulho local. Sendo assim, a partir de 10 de agosto tanto locais quanto turistas poderão visitar o monumento com quase quatro metros de altura e tirar “aquela” selfie, ao mesmo tempo que conhece outros locais da região como o Barclay’s Center (arena de shows mais cara dos EUA), passeia no Brooklyn Bridge Park ou come um bom churrasco americano no Fette Sau. Será que nossa idolatria ao mundo pop não foi longe demais?
A adoração de divindades religiosas era o padrão antigamente, juntamente com figuras históricas de importância para o meio artístico e cultural (como um filósofo ou poeta). E se não há chance relevante de se criar uma religião de super heróis, tampouco podemos afirmar que o Capitão América contribuiu com a literatura mundial. Essa estátua é sim um ode à cultura pop dos nerds, e pode trazer diversos aspectos positivos do ponto de vista turístico ao atrair um público gigante e segmentado ao mesmo tempo. Mas isso só possível com um personagem fortemente identificado com o local. Chegará o dia que ficaremos indignados com algum pichador que vandalizou a estátua do Capitão América, como aconteceu com a de Drummond no Rio de Janeiro?
Pode surgir mais homenagens como essa. O Homem-Aranha é do Queens, e por mais que no cinema isso tenha sido pouco explorado, em Capitão América – Guerra Civil essa identificação já ficou mais nítida, o que deve ser aprofundado com Spider Man – Homecoming em 2017. A visibilidade para a Marvel deve ser excelente (ou para qualquer outra empresa que consiga levar adiante esse tipo de projeto). Alguns seriam impossíveis, realmente, se levarmos em conta que muitos universos são criados e nomeados do zero. Afinal, seria difícil criar Asgard, mudar o nome de Nova York para Metrópolis ou explorar a África até encontrar uma nação super desenvolvida chamada Wakanda.