Entre Montanhas (The Gorge), dirigido por Scott Derrickson e disponível no AppleTV+, aposta em um híbrido de ação, romance e fantasia sombria para entregar uma experiência de cinema de gênero pouco comum no mercado atual. Com Miles Teller e Anya Taylor-Joy como protagonistas, o longa equilibra o espetáculo visual com um enredo que oscila entre convenções narrativas e ousadias estéticas. Leia a nossa crítica do filme:
A premissa de Entre Montanhas
A trama se passa em um desfiladeiro remoto, guardado há décadas por organizações secretas que acreditam que ali existe uma porta para o Inferno. O local é vigiado por dois agentes, cada um posicionado em uma torre oposta. Levi (Miles Teller), ex-militar americano, é convocado para assumir a função após ser recrutado por sua superior, vivida por Sigourney Weaver. Do outro lado está Drasa (Anya Taylor-Joy), uma atiradora de elite marcada pela perda familiar.
Apesar de a regra ser a ausência de contato entre os dois lados, Drasa decide quebrar o protocolo e iniciar uma comunicação improvisada com Levi. O que começa como provocações à distância logo se transforma em uma relação intensa, que dá coração à narrativa e sustenta o filme até mesmo nos momentos em que o roteiro se mostra irregular.
A química entre Miles Teller e Anya Taylor-Joy no filme de Scott Derrickson
Um dos maiores trunfos de Entre Montanhas é a dinâmica entre seus protagonistas. Teller entrega um personagem rígido, comedido, mas que encontra em Drasa uma forma de quebrar a própria armadura emocional. Já Taylor-Joy constrói uma figura enérgica, espirituosa e imprevisível, criando um contraste que sustenta a ideia de opostos que se atraem.
O romance entre Levi e Drasa é desenvolvido por meio de diálogos curtos e competições à distância, mas a câmera de Derrickson explora enquadramentos que aproximam os personagens emocionalmente, ainda que fisicamente separados. Essa escolha garante ao público a sensação de acompanhar uma conexão real, mesmo dentro de um cenário repleto de elementos sobrenaturais e de ação.
The Gorge: terror, ação e romance em um só filme
A partir do momento em que Levi e Drasa se aproximam, o filme mergulha em sequências de ação e suspense que resgatam o espírito dos filmes B dos anos 1980, nos quais o exagero visual era parte da diversão. As criaturas conhecidas como “Homens Ocos” trazem momentos de tensão e são um dos pontos altos do design de produção, reforçados pela fotografia de Dan Laustsen, parceiro de Guillermo del Toro em produções recentes.
Outro destaque é a trilha sonora composta por Atticus Ross e Trent Reznor, que eleva a intensidade das batalhas e confere ao filme uma camada adicional de identidade. Em termos de atmosfera, Derrickson resgata a energia anárquica de diretores como Sam Raimi, especialmente em passagens de caos controlado que equilibram humor, medo e espetáculo.
Limitações do roteiro
Se por um lado a química dos protagonistas e o visual são pontos fortes, por outro o roteiro escrito por Zach Dean se mostra irregular. A introdução é considerada arrastada, investindo em explicações sobre o passado dos personagens que poderiam ter sido deixadas de lado. Além disso, a narrativa revela cedo demais alguns de seus mistérios, reduzindo o impacto do clímax e tornando o desfecho previsível.
Ainda assim, a soma dos elementos mantém o interesse. Mesmo com ritmo desigual, o longa consegue equilibrar romance, ação e terror em uma fórmula que se distingue dos blockbusters mais convencionais.
Crítica: Entre Montanhas (The Gorge) é uma experiência singular no AppleTV+
Entre Montanhas não é um filme perfeito, mas oferece uma experiência singular dentro do catálogo do AppleTV+ (clique aqui para assistir). O carisma de Miles Teller e Anya Taylor-Joy, aliado ao design de criaturas e à atmosfera visual criada por Derrickson, faz com que o longa entregue uma jornada de gênero que mistura espetáculo, estranheza e emoção em doses equilibradas.