A 5ª temporada de Emily em Paris chegou recentemente ao catálogo da Netflix sem o mesmo barulho que acompanhou os anos anteriores. Se antes a série criada por Darren Star provocava debates, memes e polêmicas quase automáticas, agora a sensação é de desgaste. O novo ano evidencia um projeto que parece ter perdido parte de sua identidade, insistindo em fórmulas conhecidas sem oferecer conflitos ou evoluções relevantes. Confira a crítica.
Quando estreou, Emily em Paris se apoiava no contraste cultural, na fantasia do “sonho americano” em solo francês e em uma protagonista que, ao menos em teoria, deveria ser fácil de reconhecer. Com o passar das temporadas, Emily Cooper se tornou cada vez mais distante de qualquer lógica emocional ou profissional minimamente crível. Na 5ª temporada, isso se intensifica: a personagem segue funcionando como um vetor de realização de desejos, cercada por interesses românticos que surgem e desaparecem sem consequências reais.
A narrativa aposta pouco em drama. Relações começam, se desenvolvem e terminam com uma rapidez que esvazia qualquer impacto. O arco amoroso de Emily, assim como os de personagens como Mindy e Sylvie, carece de tempo para amadurecer. Não há espaço para perdas, frustrações ou silêncios; tudo é imediatamente substituído por um novo envolvimento. O resultado é um tom instável, que dificulta a conexão emocional com a história.
A ausência de Camille é um dos pontos mais sentidos. Sem a personagem, a série perde não apenas uma figura central de conflito, mas também parte do dinamismo que ajudava a sustentar os episódios. A introdução de Marcello, por outro lado, não compensa esse vazio. Mesmo com tentativas de dar mais camadas ao personagem, ele não se destaca nem deixa uma marca clara na trama, especialmente quando comparado a figuras já consolidadas como Gabriel e Alfie.
Visualmente, Emily em Paris também parece menos inspirada. O figurino, antes um dos principais atrativos da série, surge de forma irregular nesta temporada. Alguns looks funcionam pontualmente, mas a maioria não tem o impacto de anos anteriores, reforçando a sensação de repetição e falta de frescor. Até Paris, elemento essencial da identidade da série, fica em segundo plano, com menos destaque para a cultura local e mais espaço para personagens estrangeiros e tramas deslocadas, como a passagem por Roma.

Crítica: vale à pena assistir a 5ª temporada de Emily em Paris na Netflix?
Entre os poucos pontos que ainda dialogam com o espírito original da produção está a vida amorosa de Sylvie, que mantém nuances mais próximas do cinema romântico francês, com relações menos convencionais e conflitos mais interessantes. Ainda assim, isso não é suficiente para sustentar o conjunto.
A 5ª temporada poderia ter servido como um encerramento natural para Emily em Paris. Em vez disso, a série opta por seguir adiante, mesmo demonstrando sinais claros de desgaste criativo. Para quem já acompanha desde o início, resta a curiosidade ou o apego. Para novos espectadores, o momento talvez não seja o mais convidativo. No saldo final, trata-se de uma temporada intermediária, que reforça a sensação de que Emily em Paris já foi mais relevante dentro do próprio universo que construiu.