Crítica | Elric – O Trono de Rubi (Editora Mythos)

Personagem criado por Michael Moorcock, Elric ganha a adaptação definitiva para os quadrinhos pela Editora Mythos

Uma das coisas que mais observo no ano de 2017, foi o fortalecimento de editoras como a Pipoca & Nanquim, SESI e Darkside Books em estarem apostando no material europeu, assim, fugindo do mainstream das publicações Marvel e DC e abrindo o leque de para que amantes da 9° arte, possam ter acesso a uma das maiores fabricas de produção de HQs do mundo, que é a produção europeia.

Eis que a Editora Mythos, não poderia ficar atrás, afinal, ela já vem acreditando neste mercado a bastante tempo, e lançou um novo selo em seu segmento de publicações, o Selo Gold Edition.

Para o debute deste selo, eles trazem em uma publicação de luxo, Elric – O trono de Rubi.

Mas quem é Elric?

Elric de Melniboné é criação literária do autor britânico Michael Moorcock. Um albino, de saúde frágil e mente atormentada que herdou o trono de Melniboné, uma civilização similar aos Elfos, mas de uma crueldade presente em sua cultura e em suas crenças, afinal, eles cultuam os Senhores do caos, seres parecidos (pelo menos na HQ) com os Cenobitas, do universo de Hellraiser criado por Clive Barker.

Sua primeira aparição, foi na década de 60 no conto The Dreaming City, publicado na Science Fantasy N° 47, e ali, tivemos contato com esse ser diferente dos padrões estabelecidos do herói que é a força das narrativas heroicas de fantasia, temos um ser cruel como protagonista.

Tendo outras aparições no mundo das HQs, inclusive ao lado da criação máxima de Robert E. Howard, Conan, essa edição publicada lá fora pela tradicional editora francesa Glénat, é segundo o próprio criador, a melhor adaptação de seu personagem:

“De todas as notáveis adaptações gráficas de Elric, há uma que, posso dizer, sem reservas, mais se aproximou de minha visão original. E é essa que você tem diante dos olhos”.

Além de um prefacio elogiando a adaptação, escrito por Moorcock, a HQ também possui um outro prefacio, escrito apenas por Alan Moore.

O encadernado possui os dois primeiros arcos lançados na Europa, O trono de rubi e a segunda parte, Stormbringer, ambas escritas por Julien Blondel, e com um grupo incrível de artistas, formado por Didier Poli, Robin Recht, Jean Batisde e Julien Telo, que nos apresenta o império de Melniboné, a ilha do Dragão, suas facetas cruéis de sociedade e seus terríveis e cativantes personagens.

Elric, o imperador cheio de angustias, moléstias físicas e tormentos é o imperador do cruel reino de Melniboné, e a ele cai todas as responsabilidades de manter sua sociedade forte aos olhos dos seus inimigos, inclusive inimigos próximos, como seu primo/Cunhado, Yyrkoon, sucessor direto ao trono, que acredita que a doença e as lamentações filosóficas de Elric, são uma fraqueza indigna do povo de Melniboné. Mantendo um desejo de se tornar imperador, e escondendo um amor incestuoso por sua irmã, a amante de Elric, Cymoril, ele usará de artificio arcanos para conquistar seus objetivos.

Cymoril, a amada de Elric, é ela quem incentiva mentalmente o Imperador e permite que ele continua a viver com suas doenças, utilizando de encantamentos e sacrifícios de sangue. Por conta dela, Elric irá entrar em terrível batalha, que culminará em angustiantes escolhas para nosso protagonista.

Em meio a uma invasão barbara, Elric é traído, e esse movimento trará grande pesar para o frágil Albino, mostrando que seus apoiadores estão além da vida e da morte, e as escolhas feitas por ele podem custa mais que um trono, podem custar sua alma.

Arte belíssima nas duas histórias, roteiros afiados e empolgantes, acabamento belíssimo em uma edição repleta de extras, Elric – O Trono de Rubi, foi um primoroso primeiro passo desse novo selo da Editora Mythos, digna de qualquer fã de espada e feitiçaria (termo cunhado pelo criador de Elric, Michael Moorcock) é um excelente acréscimo para a coleção dos amantes da 9° arte.