Um dos principais atrativos dos jogos é superar desafios projetados para serem vencidos em um ambiente controlado, semelhante a um parque de diversões. Baseando-se nessa lógica, Dungeons of Hinterberg (Curve Digital) traz uma ideia inovadora e interessante. No jogo, você assume o papel de Luisa, uma advogada em início de carreira que decide passar as férias em um destino incomum. Hinterberg é uma cidade nos Alpes austríacos onde uma força mágica surgiu misteriosamente, criando masmorras e monstros a serem enfrentados. Como era de se esperar, o capitalismo rapidamente coloca suas garras na situação, e a prefeita Wagner transforma a cidade em uma atração turística.
A jogabilidade de “Dungeons of Hinterberg” é dividida em duas partes. Na primeira, você explora diferentes regiões e enfrenta masmorras no estilo clássico de Zelda. Na segunda, o jogo incorpora a mecânica de links sociais da série Persona. As masmorras são envolventes, focando na resolução de puzzles simples que utilizam as magias disponíveis em cada área. Algumas magias servem para puxar objetos, outras para levitar ou criar plataformas. Além de serem úteis nas batalhas, as magias são empregadas de forma criativa nas mais de 20 dungeons do jogo. Apesar do combate ser simples, ele é competente e se torna mais complexo ao longo da experiência, mas é na exploração e na construção dos enigmas que o jogo realmente brilha.
Durante o dia, o jogador explora as masmorras, mas, como em qualquer boa viagem, a noite também é essencial. Nesse período, você pode fazer amizade com diversos habitantes da cidade ou outros turistas, aumentando o nível de afinidade com cada um. Cada personagem possui um arco narrativo próprio, oferecendo pontos sociais e benefícios mecânicos, como upgrades nas armas, mais pontos de vida ou magia. O texto do jogo é bem escrito, abordando temas maduros e atuais de forma leve. As histórias de cada personagem se conectam ao enredo principal, abordando temas como a exploração de recursos naturais, gentrificação e questões mais íntimas, como a insatisfação com a carreira e as escolhas de vida.
Além da narrativa principal, existe uma metanarrativa que explora nossa relação com jogos e entretenimento. Quando uma experiência é construída para nos divertir, ela ainda pode ser considerada real? Se algo é criado com esse propósito, perde seu significado? O jogo também discute o impacto do turismo em uma cidade, explorando as vantagens e desvantagens que tais ações trazem para uma comunidade, que acaba perdendo sua identidade real em favor de objetivos mercadológicos.
“Dungeons of Hinterberg” é uma combinação bem-sucedida de elementos familiares nos jogos digitais. Suas mecânicas são simples, mas bem encaixadas em um escopo relativamente amplo para um jogo indie. Os gráficos são vibrantes, capturando as diferenças de cada área. Com um ótimo design de níveis, cada masmorra possui sua própria identidade, com mecânicas únicas que não se repetem.
Além disso, a parte social do jogo apresenta personagens cativantes, servindo como um alívio da ação e enriquecendo a história, tornando o mundo mais desenvolvido e envolvente. Se você gosta de jogos de ação e puzzle em terceira pessoa, “Dungeons of Hinterberg” é uma excelente escolha. O jogo está disponível no Game Pass e na Steam.