A segunda temporada de Depois do Acidente (The Accident), recém-adicionada ao catálogo da Netflix, retoma a história um ano após a tragédia que marcou profundamente quatro famílias. A culpa, o luto e os segredos continuam guiando as ações dos personagens, mas agora a narrativa se afasta do impacto inicial da série para apostar em conflitos cada vez mais exagerados. Com seis episódios de aproximadamente 45 minutos, a nova fase tenta ampliar o escopo da trama, mas acaba diluindo sua força dramática. Leia a crítica:
Na primeira temporada, a série encontrou atenção ao construir tensão a partir de um evento trágico inesperado. Já nos novos episódios, a história se concentra nas consequências extremas das decisões tomadas anteriormente, especialmente envolvendo Emiliano e Charro. Ambos estão presos, mas a rivalidade entre eles se intensifica de maneira pouco sutil, transformando a série em algo mais próximo de um thriller de ação do que de um drama psicológico.
Uma mudança de tom que compromete a narrativa
O principal problema da segunda temporada de Depois do Acidente está na forma como o roteiro opta por resolver conflitos. Sequências de ação surgem em excesso e, muitas vezes, sem necessidade narrativa. Charro, por exemplo, protagoniza situações improváveis dentro e fora da prisão, passando ileso por eventos que desafiam qualquer lógica interna da série. O resultado é uma perda significativa de verossimilhança.
Essa mudança de tom compromete o envolvimento emocional. O que antes era uma história sobre perda e responsabilidade coletiva se transforma em uma sucessão de confrontos armados, perseguições e ameaças. A série passa a girar em torno de homens guiados pelo orgulho e pela violência, enquanto o drama familiar, que sustentava a proposta inicial, fica em segundo plano.
Personagens demais, desenvolvimento de menos
Outro ponto que enfraquece a temporada é o excesso de personagens. A série apresenta novos rostos, mas não dedica tempo suficiente para desenvolvê-los. O problema não está em mostrar o sofrimento dessas pessoas, mas na dificuldade de criar empatia. Quando eventos graves acontecem, o impacto é reduzido porque o público não teve tempo de se conectar com quem está em cena.
Além disso, os elementos de drama e crime raramente se complementam. Enquanto alguns personagens enfrentam dilemas pessoais, outros estão envolvidos em conflitos muito maiores, o que cria uma sensação constante de desequilíbrio narrativo. A série parece indecisa sobre qual história deseja contar.
Vale a pena assistir à 2ª temporada de Depois do Acidente na Netflix?
No geral, a segunda temporada de Depois do Acidente levanta a sensação de que a série não precisava continuar. A exploração do luto e da culpa permanece como tema central, mas sem a força necessária para sustentar seis episódios. Muitas situações soam artificiais, e decisões importantes acontecem sem preparação ou consequência clara.
Embora a produção seja tecnicamente competente, a narrativa não oferece tensão suficiente para justificar sua duração. A impressão final é de uma história estendida além do necessário, que talvez funcionasse melhor em um formato mais curto. Para quem gostou da primeira temporada, a continuação pode gerar curiosidade, mas dificilmente entrega o mesmo impacto.