Crítica | Uma Mulher Fantástica

Filme Chileno indicado ao Oscar traz discussão importante e linda fotografia

Essa época de Oscar é sempre boa pra conhecer filmes que acabam passando desapercebidos nos cinemas brasileiros, principalmente os indicados a língua estrangeira. O que é o caso do filme Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantastica) do Chile.

O filme conta a história de Marina Vidal (Daniela Vega), uma cantora trans que tem um relacionamento com um homem de mais idade, mas a vida de Marina muda quando o seu parceiro morre de forma inesperada. Ela então vai ter que conviver com o luto enquanto enfrenta o preconceito da família do falecido e desconfiança da polícia.

Uma Mulher Fantástica não é graficamente pesado mas não é um filme muito fácil de se assistir, Marina passa por bons mals bocados no filme e tem que combater o preconceito tanto das instituições públicas como da família do seu ex-parceiro. Nos faz refletir sobre como a vida dessas pessoas é tão afetada somente por sua escolha de identidade. Uma situação que já é complicada para todos como o luto de um bem querido acaba ficando pior ainda para uma pessoa como ela.

O longa nos coloca da pele da personagem principal conseguindo transpor o que passa na sua cabeça com uma direção sutil que não apela para breguices. Durante toda a fita, nós vamos absorvendo a tristeza e angústia da personagem enquanto ela tem que enfrentar essas dificuldades. Existem também momentos mais surreais onde o longa lembra um musical transpondo a mente de Marina usando efeitos especiais ou situações absurdas.

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Toda a direção de Sebástian Lelio ( Gloria ) é orquestrada com uma fotografia fantástica que brinca muito com tons de azul ou vermelho, fazendo uma alusão clara aos dois gêneros. Existe uma cena específica em que um local com mulheres é mostrado em azul e um local com homens é representando em vermelho. Isso serve tanto para desconstruir nossos clichês de gênero como também para mostrar que o ambiente feminino para Marina é mais calmo e um ambiente com homens é mais perigoso. Já nas cenas em boates LGBT as cores são múltiplas e misturadas, mostrando que não existem barreiras nesses locais.

Não posso terminar esse review sem falar da incrível Daniela Vega em sua primeira atuação. Ela é na verdade uma cantora lírica trans que estreou de forma fenomenal nesse lindo longa que também deve falar muito da sua vida. A música, aliás, é uma ótima ferramenta do filme, pois é somente na música que Marina consegue ter paz e ser reconhecida, servindo até como uma forma de redenção e salvação para a personagem.

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Uma Mulher Fantástica é um importante filme que nos coloca na pele da personagem principal e por isso é um pouco difícil de assistir, mas ao mesmo tempo é um filme muito importante para a nossa sociedade. É dirigido de forma linda e sutil passando bem os sentimentos para nós. O título brinca com o fato de todas as mulheres trans serem realmente fantásticas, por ter que conviver com diversos problemas como esses em suas vidas cotidianas. Espero não ter falado nenhum problema aqui pois esse não é meu lugar de fala e deixo aqui minha recomendação para esse grande filme.