O Predador é uma boa mistura de ação, terror e comédia, entregando um dos melhores do ano sem se levar a sério
Shane Black nos presenteia com um dos melhores filmes de ação e comédia (com muito gore do ano). O estilo de Black é uma via de mão dupla, onde amamos ou odiamos, sem um meio termo para o seu senso de humor absurdo. Em O Predador temos a junção de todos os elementos que fizeram o diretor famoso, assim como homenagens diretas ao longa original de 1987, mas a zoeira prevalece nesse longa confuso e engraçado. Uma vez que aceitamos a galhofa, conseguimos nos divertir sem levar o filme a sério.
Em muitos aspectos, O Predador retorna ao que fez o original ser tão amado, que é a camaradagem dos personagens machões recém conhecidos trocando histórias de vida, a caçada entre homem e criatura, as piadas sujas e a violência sem fim abusando do sangue, cabeças cortadas e tripas para fora no melhor estilo gore.
O roteiro tenta mostrar um pouco de alguns assuntos sérios como o autismo e os efeitos da guerra nos soldados americanos, mas tudo tratado de forma jocosa que acaba divertindo quem assiste. O papel da cientista vivida por Olivia Munn subverte os clichês da função de personagens femininas dentro de um filme de ação puramente masculino, levando a personagem da atriz a surpreender positivamente. A ideia de juntar um elenco totalmente variado de gêneros é uma aposta inusitada, mas o resultado é extremamente satisfatório, fazendo com que O Predador flerte com a comédia, terror, drama e muita ação.
Keegan-Michael Key, Augusto Aguilera, Thomas Jane, Trevante Rhodes e Alfie Owen- Allen integram o grupo de militares perturbados, liderados por Boyd Holdbrook. Com a facilidade de conversarem entre si e criarem amizade, e o roteiro ajudando com frases prontas, é fácil comprar a ideia de que um grupo recém conhecido possa sair a caça de um alienígena gigante. Sterling K. Brown faz um “vilão” nada assustador, mas dá seu toque despretensioso ao longa. A criança prodígio interpretada por Jacob Tremblay, considerada a próxima etapa da evolução humana, fica responsável por ser o personagem que desvenda o enigma da trama. Um pouco forçado e exagerado, sim, e o roteiro não se esforça para entregar uma explicação minimamente lógica. Mas quem quer isso em um filme de ação?
A ação é o ponto chave, assim como o sangue em excesso, tem de sobra do iníio ao fim. Por fim, o predador, a grande ameaça, não é tão bem trabalhado aqui. Existe um incrível trabalho visual na criatura, até mesmo no “gigante”, porém, deixa a desejar no conjunto final de motivação e história. O Predador é uma obra que sabe ao que veio, e Shane Black soube guiar muito bem a sua visão dentro desse universo, deixando um saldo positivo apesar de tudo. Talvez não seja um para ser lembrado, mas é uma diversão certa para quem conseguir se desprender da lógica e seriedade.