Crítica | Maus é um thriller de altíssima qualidade do início ao fim

Presente na 41ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo, Maus é a estreia do diretor Yayo Herrero em longa metragens

Estreia do diretor Yayo Herrero em longa metragens, Maus traz a história do jovem casal Selma e Alex que se perdem em uma floresta no interior da Bósnia-Hezergovina. Ela, natural da Bósnia e muçulmana sobrevivente da Guerra dos Bálcãs, ele alemão. À medida que eles buscam o caminho para a cidade mais próxima, a floresta vai revelando seus perigos.

Thriller de altíssima qualidade do início ao fim, Maus baseia seu suspense principalmente na parte sonora. Toda a sonoplastia do filme é de tirar o fôlego! Os sons vindos das últimas caixas da sala de reprodução trazem uma imersão absurda. Sentimos que realmente estamos na floresta com Selma e Alex.

Há uma cena em especial que marca essa grande qualidade do longa. Selma está entrando em pânico e, para exaltar isso, a câmera começa a girar ao redor dela, eis então que os sons da floresta começam a rodar as caixas da sala também nos fazendo sentir tão apavorados e atônitos quanto Selma.

Alma Terzic, intérprete de Selma, possui uma expressão facial tão forte que consegue sustentar perfeitamente toda a tensão do filme sem precisar trocar tantas palavras. Os planos próximos focados na atriz não se mostram nem um pouco desperdiçados graças ao seu talento.

Yayo Herrero realmente mostra a que veio! Ainda que fosse um diretor experiente em longas, seu trabalho em Maus seria louvável, no entanto como estreante é ainda mais de se impressionar. Sua escolha por planos mais próximos durante quase todo o filme cria uma tensão interessante pois em boa parte da história não vemos o que acontece de fato, apenas escutamos e imaginamos. E, para mim, não há terror melhor do que aquele que fica apenas em nossas cabeças. Ele ainda explora bastante o uso de telas pretas onde tudo que se pode absorver são os sons, o que enriquece ainda mais esse terror psicológico.

Além de diretor, Yayo é também o roteirista de Maus. Talvez como roteirista ele não tenha sido tão brilhante quanto como diretor. O final do longa pode gerar insatisfações em alguns espectadores. Ao meu ver, a escolha foi bem interessante, no entanto compreendo que é arriscada, uma vez que para algumas pessoas pode pôr o filme quase a perder.