Extraordinário

Baseado na obra de R. J. Palacio, Extraordinário chega aos cinemas trazendo a emocionante história de August Pullman (Jacob Tremblay), um menino de 10 anos que nasceu com uma condição rara que lhe rendeu uma deformidade facial. Depois de anos sendo educado pela mãe em casa, Auggie finalmente vai para a escola e tenta se adaptar a uma nova rotina cercada de pessoas.

Apesar de ser o personagem principal, a história também dá espaço para Olivia (Isabela Vidovic) e Miranda (Danielle Rose Russel), que têm seus pontos de vista da história exibidos. Via é irmã de Auggie e mostra como a atenção especial que seu irmão recebe afeta diretamente sua vida social, fazendo com que ela se sinta sozinha, principalmente depois de ver sua amiga Miranda se afastando.

Outro núcleo interessante é o da mãe Isabel (Julia Roberts), uma cientista que vê sua vida mudar totalmente quando o filho deficiente nasce, e desde então se dedica apenas a ele. A trama se desenrola e enquanto tenta apoiar o filho na nova fase, Isabel também mostra seu próprio drama ao tentar voltar a escrever uma antiga tese de mestrado. Julia Roberts é incrível e conseguiu expressar bem o dilema da mãe moderna que tenta cuidar dos filhos, da casa e ainda se profissionalizar.

Atualmente filmes sobre bullying, preconceito e superação são bem comuns, mas o elenco correto fez Extraordinário se destacar e mostrar porque foi uma obra de sucesso. Jacob Tremblay merece destaque, apesar da pouca idade, o ator rouba a cena e junto com Julia Roberts, a veterana cujo talento já nos impressiona há anos, faz um excelente trabalho. Comparado aos dois, Owen Wilson, que interpreta o pai de Auggie, ficou até um pouco ofuscado, mas nada que estrague o andamento da trama. A brasileira Sônia Braga também fez uma breve, porém memorável, aparição e continua nos enchendo de orgulho em Hollywood.

Stephen Chbosky promoveu uma direção enxuta e bem adaptada, porém alguns momentos dramáticos do filme poderiam ter sido melhor explorados para causar maior emoção no expectador. Senti falta de músicas mais emotivas para promover mais efeitos ─ e claro, muitas lágrimas. Apesar disso, o filme tem sua porção de sentimentalismo, sem se deixar levar por clichês ou exageros. Apesar da fotografia simples, os desenhos que lembram um pouco os traços que preenchem as páginas do livro O Pequeno Príncipe e a pesada maquiagem usada para representar a deformação facial no ator são aspectos fortes do filme.

Mais um ponto forte na história é a forma como as crianças são mostradas: desde o estranhamento ao amigo diferente até a abertura ao verem que ele é divertido e tudo não passa de um preconceito bobo. O bullying foi mostrado de uma forma responsável, em apenas uma cena é possível compreender o comportamento hostil do “valentão” da escola, o que certamente levará os pais a repensarem os valores que ensinam aos filhos.

Em nenhum momento há a tentativa de dizer que Auggie é normal, mesmo a mãe sempre diz ao filho que ele é diferente e especial, e o próprio menino termina a história dizendo que não ser comum é o destino de alguns. Particularmente, esse é o filme que eu gostaria de ter visto quando era mais nova e sofria bullying. A mensagem de que não ser como os outros faz parte de ser extraordinário é extremamente necessária.

Apesar do drama, o filme é extremamente divertido e passa mensagens gostosas tanto para crianças quanto adultos. Vale a pena ir aos cinemas no dia 7 de dezembro com toda a família para rir, chorar e se inspirar por essa extraordinária história.