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Creep (2014): Final explicado e outras questões

Lançado em 2014, Creep é um thriller independente, disponível atualmente na Netflix (assista aqui), que deixou os espectadores perplexos com seu enredo estranho final surpreendente. Dirigido por Patrick Brice e estrelado por Mark Duplass, o filme segue a história de um cineasta, Aaron, contratado para documentar a vida de um homem, Josef, que revela comportamentos cada vez mais estranhos. Acontece que mesmo sendo uma produção enxuta e um tanto simplória para absorção, algumas questões do filme talvez valham um final explicado para tratarmos aqui.

Found footage: mais um?

Goste você ou não, o estilo found footage se encaixa muito bem com filmes de terror e suspense, e aqui o pretexto para existir uma gravação que embale a história é até que aceitável, por mais que em alguns momentos não se justifique tanto assim.

O desenvolvimento da trama do filme

Durante a narrativa, Aaron gradualmente percebe a instabilidade mental de Josef (Mark Duplass), que, sob a fachada de amizade, esconde suas verdadeiras intenções. A atmosfera de suspense se intensifica à medida que Aaron descobre a verdade sobre Josef, mas a natureza do relacionamento entre os dois permanece ambígua. Esta ambiguidade é fundamental para a reviravolta final do filme.

A simbologia do lobo e referências bíblicas em Creep

A fantasia do lobo usada em Creep serve como símbolo para diversas coisas. Como dito pelo próprio personagem Josef, os lobos representam uma figura de dualidade, tal qual os seres humanos. Se o animal pode ser sociável, inteligente e astuto, ao mesmo tempo consegue conter atributos considerados negativos como a crueldade. Josef, desse modo, seria a origem de tudo que há de humano, o primeiro de Deus na Terra. Em outras palavras: José.

E o que mais temos na dinâmica desse antagonista com Aaron é esse tipo de dualidade: instantes de crueldade que se revezam com uma amizade que, mesmo estranha, soa legítima em muitas ocasiões. Dentro da sua pele de lobo, Josef realmente ama as suas vítimas e vive intensamente cada momento com elas.

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A relação solitária e doentia entre Josef e Aaron

Aaron, por sua vez, é um nome que traz tudo que não vemos no personagem vivido pelo ator e diretor Patrick Brice: ao invés de um ser que exalta, que tem força, que se eleva, ele é assustado constantemente por Josef – se mostrando uma figura frágil em muitos momentos, inclusive quando revela suas vergonhas de infância para ele, que acaba se assemelhando muito ao próprio Deus cristão numa visão cética: um ser onipresente que se diverte com nossas fragilidades. Então temos “Deus” estando presente na vida de Aaron mesmo após toda a confusão ocorrida com a descoberta e que Josef é um ser complicado, para dizer o mínimo.

O final explicado de Creep: por que Aaron foi assassinado?

Fica claro também, no final das contas, o quão solitários são esses dois. Josef pelos motivos óbvios, o levando a praticar atos macabros e criminosos, mas também Aaron, que mesmo na condição de vítima, não consegue esquecer o seu perseguidor, a ponto de aceitar um encontro final, confiando que seu oposto é uma pessoa boa.

Com esse contexto, fica mais rico o entendimento do porquê Aaron acaba tomando, no final das contas, aquela machadada na cabeça. Se, na nossa visão como espectador, não vemos um Aaron forte como o significado do seu nome sugere é porque quem o vê assim na realidade é Josef, enxergando nele as virtudes mais belas possíveis em um ser humano – para logo em seguida o abater, pois ele não pode fugir de sua natureza selvagem e, por que não, divina.