A série japonesa Consumidas Pelo Fogo (Burn the House Down), disponível na Netflix, é um drama de vingança baseado no mangá homônimo de Moyashi Fujisawa. A trama mistura segredos familiares, disfarces e o poder corrosivo das aparências, especialmente no contexto das redes sociais, para narrar a jornada de uma jovem determinada a descobrir a verdade por trás da tragédia que destruiu sua família. Confira a crítica do j-drama:
Consumidas Pelo Fogo
Uma trama de vingança e mistério
A história começa com um incêndio que consome a casa da família Mitarai. No meio do caos, uma menina de 12 anos corre em direção às chamas enquanto sua mãe, Satsuki (Michiko Kichise), é acusada de causar o acidente. Treze anos depois, a filha, Anzu Murata (Mei Nagano), assume uma identidade falsa e retorna ao local como governanta da nova residência, agora comandada por Makiko Mitarai (Kyôka Suzuki), ex-amiga de sua mãe e atual esposa de seu pai.
Anzu acredita que Makiko foi a verdadeira responsável pelo incêndio e decide se infiltrar na casa para encontrar provas que limpem o nome de Satsuki, que vive hospitalizada e sofre de amnésia traumática. O disfarce, no entanto, a coloca em contato direto com os segredos mais sombrios da nova família de Makiko — e a aproxima perigosamente da verdade que tanto procura.
Aparências, redes sociais e culpa
Makiko é o retrato da obsessão pela imagem perfeita. Influenciadora digital e figura pública, ela vive de aparências e esconde suas fragilidades sob uma rotina encenada para as redes. Incapaz de administrar a própria casa, ela passa a depender de Anzu, cujas habilidades domésticas fazem com que sua vida pareça impecável aos olhos do público. Essa relação de interdependência entre patroa e empregada é o motor dramático da série — e revela como a exposição nas redes sociais pode amplificar máscaras e mentiras.
Ao mesmo tempo, Consumidas Pelo Fogo constrói uma crítica social sobre a cultura da aparência, onde a reputação digital vale mais que a verdade. O fogo que destrói a casa no início simboliza também o colapso de uma imagem perfeita, um tema recorrente no roteiro que alterna momentos de tensão com toques de humor involuntário.

Entre o melodrama e o suspense
A produção equilibra tons de mistério, drama familiar e crítica contemporânea. Há momentos em que o roteiro parece oscilar entre o suspense psicológico de Revenge e o melodrama de novelas japonesas tradicionais. Essa mistura pode causar certa inconsistência tonal, mas mantém o interesse do público por meio das reviravoltas e das interpretações carismáticas de Mei Nagano e Kyôka Suzuki.
O núcleo secundário traz alívio cômico, especialmente com Kurea (Kie Kitano), amiga de Anzu que participa da investigação, e Yuzu (Yuri Tsunematsu), irmã mais nova que apoia a protagonista em sua busca por justiça. Já Kiichi (Asuka Kudô), o filho recluso de Makiko, é um personagem enigmático que amplia a tensão dentro da casa.

Crítica: vale à pena assistir Consumidas Pelo Fogo na Netflix?
Uma história sobre redenção e verdade
Apesar de algumas passagens previsíveis e de um desfecho considerado apressado, Consumidas Pelo Fogo se destaca por explorar com sensibilidade temas como memória, culpa e identidade. A série transforma o drama familiar em uma jornada de autoconhecimento e redenção, questionando até que ponto é possível reconstruir o passado quando ele foi queimado — literalmente — pelas mentiras.
Com estética elegante, atuações sólidas e uma trama de vingança que dialoga com o presente digital, Consumidas Pelo Fogo confirma a força do j-drama contemporâneo em contar histórias universais de forma emocional e envolvente.