O especial indiano Confusões em Greater Kailash (Greater Kalesh), disponível na Netflix, traz uma narrativa que mistura humor doméstico, drama familiar e as contradições do festival de Diwali. Dirigido por Aditya Chandiok e escrito por Ritu Mago, o filme é estrelado por Ahsaas Channa (Hostel Daze, Kota Factory), Supriya Raina Shukla e Poojan Chhabra, e apresenta uma tentativa de capturar o caos e o afeto que convivem nos lares indianos durante uma das épocas mais importantes do ano. Confira a Crítica:
Confusões em Greater Kailash
A história de Tinku e o retorno ao lar
Com pouco menos de uma hora de duração, o filme acompanha Twinkle “Tinku” Handa (Ahsaas Channa), uma jovem que trabalha em Bangalore e retorna à casa da família em Déli, no bairro de Greater Kailash, para comemorar o Diwali. A viagem, que ela imagina ser um reencontro caloroso, transforma-se em um mergulho em velhas tensões familiares e segredos que vêm à tona à medida que a celebração se aproxima.
Logo que chega, Tinku percebe que o brilho das luzes festivas contrasta com o clima de atrito dentro de casa. O pai esconde algo do passado, o irmão enfrenta conflitos pessoais e os pais tentam manter as aparências de normalidade. A protagonista se vê dividida entre o desejo de reviver o passado e a necessidade de encarar as transformações que o tempo impôs à família.
Diwali como metáfora de renovação
O grande mérito de Confusões em Greater Kailash está em transformar o Diwali — tradicionalmente um festival de luz e renovação — em uma metáfora sobre confrontar a verdade. A trama retrata o momento em que as ilusões se dissipam e as relações precisam ser reavaliadas. Assim como nas limpezas de fim de ano que marcam o festival, os personagens são forçados a “limpar” ressentimentos antigos e abrir espaço para recomeços.
O filme também lida com a sensação de deslocamento que acompanha quem retorna ao lar depois de um tempo afastado. Tinku observa que a casa que conhecia parece diferente, quase estrangeira. Essa percepção espelha o conflito entre o pertencimento e o distanciamento — um tema que ressoa com qualquer espectador que já tenha experimentado a distância da família.
Entre o realismo e a confusão narrativa
Embora o roteiro capture momentos autênticos da vida doméstica, a curta duração de 52 minutos impede que os conflitos sejam explorados em profundidade. O longa tenta abordar múltiplos temas — desde as pressões do patriarcado até as tensões da comunidade LGBTQ+ —, mas todos acabam tratados de forma superficial.
A direção de Chandiok mantém o ritmo ágil, mas em certos momentos o tom muda de maneira abrupta, comprometendo a fluidez da narrativa. Falta tempo para que as subtramas se desenvolvam e para que os personagens secundários ganhem camadas. A ambientação em Déli, que poderia ser um elemento rico de identidade cultural, também é pouco explorada, ficando restrita ao interior da casa da família Handa.
O elenco e o tom emocional
Ahsaas Channa conduz o filme com energia e naturalidade, transmitindo bem as nuances de uma jovem dividida entre nostalgia e frustração. Supriya Raina Shukla complementa a dinâmica familiar com uma atuação sólida, mas o material que ambas recebem limita o impacto emocional das cenas. A trilha sonora, usada para reforçar o clima festivo, acaba soando excessiva e interfere na imersão.
Crítica: Vale à Pena Assistir Confusões em Greater Kailash na Netflix?
Confusões em Greater Kailash busca retratar o lado caótico e humano do Diwali, mas tropeça na execução. Há sensibilidade na forma como o filme encara as contradições da vida familiar e na tentativa de equilibrar humor e melancolia. No entanto, a falta de desenvolvimento e o excesso de temas comprimidos em menos de uma hora fazem o resultado parecer fragmentado.
Mesmo assim, o especial se destaca como um retrato sincero de um momento típico das famílias indianas: o desejo de manter tudo unido, mesmo quando o que resta é apenas a luz vacilante de um novo começo.