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Conectadas

O mundo dos games nunca foi fácil para mulheres, seja dentro ou fora dos eletrônicos. Se não somos rejeitadas, recebemos cantadas, nudes, somos xingadas de maneira inclemente, entre outras coisas muito recorrentes. Aos 14 anos, Raíssa descobriu isso da pior maneira e, para solucionar o problema, ela fez o que a maioria das mulheres faz: criar um personagem masculino. Depois de anos jogando assim, conhece Ayla e a acolhe nesse universo hostil. Mas, o que ela não esperava, é que, por mentir dizendo ser homem, isso fosse tornar a sua vida mil vezes mais complicada! Quando percebe, está enrolada em uma teia de mentiras, completamente apaixonada por uma garota que mora em outra cidade e sem ter a mínima ideia sobre o que fazer, pois não quer ser rejeitada.

Em Conectadas, um livro repleto de representatividade, de nostalgia e de conexão, Clara Alves conseguiu construir uma narrativa coesa, bem amarrada, fofa, bem “boiolinha”, do jeito que amamos ler, com toda aquelas questões que adolescentes estão sempre passando. Principalmente o pensamento de que o mundo vai acabar a qualquer momento e tudo sempre conspira contra você, mesmo que você é quem seja o responsável por isso!

Passando por cima das típicas histórias de adolescentes estadunidenses em que todo mundo briga para ser popular, ser a mais magra, a mais branca e a mais rica, a história se foca nos dramas pessoais das personagens Raíssa e Ayla, que, com maestria, são guiados por Clara de maneira que não fiquemos revirando os olhos pensando “Aff, adolescentes” e sim “Meu Deus! Eu passei por isso!”.

Cada personagem, aliás, é incrível. Temos os “sideckicks” de ambas protagonistas, mas nenhuma história é deixada de lado e somos conquistadas por Leo, desconfiamos de Gabi e do seu namoro, e até mesmo Drica e Vicki, que parecem ser “outro patamar”, na verdade são pessoas maravilhosas, o que enche o meu coraçãozinho de amor, pois é ridículo ter sempre as repetidas histórias de jovens se degladeando por motivo algum – ou pior, por um cara.

Aqui, mergulhamos com as personagens no mundo dos jogos, das paixonites adolescentes, e, principalmente, do tema central: comunicação. Aprendemos desde cedo que devemos nos calar, aceitar tudo e, assim, crescemos adultos não funcionais e complexados! Mas Clara pega justamente nesse ponto fraco da gente e joga em uma narrativa que nos ensina que, desde cedo, devemos aprender a bater de frente com aquilo que nos machuca, que nos cala, que nos tenta destruir. Ao invés de engolir, temos que criar coragem e, bem, frase clichê, porém, se tem medo, vai com medo mesmo!

Obrigada, Clara Alves por esse livro maravilhoso, e te odeio por me fazer chorar. Conectadas é um livro que vai te abraçar bem abraçadinho e terminar com um “vai dar tudo bem”. E, quer saber? Vai sim.