Disponível no catálogo da HBO Max (assista aqui) e figurando entre os títulos mais assistidos da plataforma, Com Quem Será? (Destination Wedding, 2018), dirigido por Victor Levin, reúne Keanu Reeves e Winona Ryder em uma comédia romântica que inverte as convenções do gênero. O filme coloca os dois em uma sucessão de diálogos afiados, cheios de sarcasmo, onde o amor é mais uma hipótese do que uma certeza. Leia a crítica do filme:
Um encontro que começa com discussão
Frank (Keanu Reeves) e Lindsay (Winona Ryder) se conhecem no aeroporto, a caminho de Paso Robles, na Califórnia, onde participarão de um casamento. Ele é meio-irmão do noivo; ela, a ex-noiva. Desde o primeiro diálogo, fica claro que os dois compartilham algo em comum: o desprezo por praticamente tudo ao redor. O que começa como antipatia imediata transforma-se em uma curiosa cumplicidade, baseada em críticas e reclamações sobre o evento, os convidados e até sobre o conceito de amor.
Durante todo o filme, os personagens falam sem parar. Levin escolhe um formato minimalista, no qual Reeves e Ryder são praticamente os únicos personagens com falas. Os demais convidados do casamento são figuras mudas, quase cenográficas, enquanto o casal domina o tempo de tela com discussões sobre a futilidade da vida, a hipocrisia das relações sociais e o desconforto de estar ali.
Com Quem Será?, uma comédia romântica às avessas
Victor Levin propõe uma inversão completa das expectativas tradicionais. Em vez de um romance envolvente, Com Quem Será? oferece o retrato de dois misantropos que resistem a qualquer traço de sentimento. O humor nasce do cansaço dos protagonistas diante de um mundo que consideram absurdo. Ao transformar o amor em um tema de ironia, o diretor cria um tipo de “anti-comédia romântica”, na qual os clichês são substituídos por diálogos cínicos e situações embaraçosas.
A estrutura do filme reforça essa proposta. A trilha sonora de William Ross alterna entre o jazz leve e o tom de sátira, enquanto a fotografia de Giorgio Scali mantém o foco no casal, evitando o glamour das paisagens ou o charme do evento. Tudo é concentrado na interação verbal — um duelo constante entre dois personagens que, apesar da hostilidade, encontram na companhia um espelho de suas próprias frustrações.
Crítica de Com Quem Será?: vale à pena assistir ao filme na HBO Max?
O carisma por trás do caos
O sucesso de Com Quem Será? depende inteiramente da química entre Reeves e Ryder, que já haviam trabalhado juntos em três produções anteriores. Aqui, eles exploram o limite entre antipatia e afeto. Reeves demonstra um controle cômico preciso, equilibrando o cinismo de Frank com momentos sutis de vulnerabilidade. Ryder, por sua vez, dá a Lindsay uma energia inquieta e um ritmo de fala que acentua o atrito entre os dois.
Mesmo quando o filme parece se perder na repetição dos diálogos, há um fascínio em observar o embate verbal e emocional entre os protagonistas. O resultado é uma obra que diverte justamente por não buscar agradar: uma sátira sobre o amor e sobre a própria ideia de comédia romântica.
Com Quem Será? é, portanto, uma experiência de humor ácido e ritmo inusitado — um encontro de duas almas cansadas que, entre críticas e sarcasmos, descobrem que talvez o destino não seja o casamento, mas simplesmente ter alguém com quem reclamar.