Coerência (Coherence, 2013) 30 Fatos e curiosidades e a crítica sobre o filme cult - cosmonerd Coerência (Coherence, 2013) 30 Fatos e curiosidades e a crítica sobre o filme cult - cosmonerd

Coerência (Coherence, 2013) | Crítica do filme

Lançado em 2013, Coerência (Coherence), dirigido por James Ward Byrkit e escrito em parceria com Alex Manugian, tornou-se um dos filmes de ficção científica independente mais discutidos da última década. Com produção de baixo orçamento e narrativa não convencional, o longa explora conceitos complexos da física quântica, tensões interpessoais e escolhas pessoais diante de realidades alternativas. Leia a nossa crítica:

A trama e o contexto do cometa Miller

A história acompanha quatro casais de amigos que se reúnem para um jantar na mesma noite em que o cometa Miller passa próximo à Terra. O evento astronômico funciona como catalisador para fenômenos estranhos e inexplicáveis. Durante a noite, os celulares apresentam falhas, os vidros se trincam, a energia elétrica é interrompida e apenas uma casa na vizinhança permanece iluminada.

Ao investigarem a casa acesa, os personagens descobrem que ela é, na verdade, idêntica à deles, com versões alternativas de si mesmos vivendo em outra realidade. A partir daí, o grupo se vê diante de uma série de decisões que desafiam não apenas sua compreensão do espaço-tempo, mas também suas próprias identidades.

O cometa de 1923: realidade ou ficção?

Em determinado momento, um dos personagens menciona um suposto evento histórico na Finlândia, ocorrido em 1923, durante a passagem de um cometa. No filme, essa referência serve para reforçar a ideia de que fenômenos semelhantes ao que estão vivenciando já ocorreram antes. No entanto, não há registros históricos de tal evento. A citação é fictícia e foi criada pelos roteiristas para aprofundar a atmosfera de mistério e ampliar as possibilidades narrativas.

O Gato de Schrödinger e as múltiplas realidades

A narrativa de Coerência é fortemente inspirada no famoso experimento mental do Gato de Schrödinger, proposto pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935. Segundo o conceito, até que haja observação, duas realidades podem coexistir simultaneamente: o gato pode estar vivo e morto ao mesmo tempo.

No filme, esse princípio é aplicado de forma prática: diferentes versões dos personagens coexistem em linhas de realidade paralelas que se sobrepõem devido à passagem do cometa. Ao atravessar a escuridão para investigar a outra casa, os personagens inadvertidamente cruzam para universos distintos, encontrando versões alternativas de si mesmos e gerando um ciclo de confusão crescente.

As caixas e os objetos de identificação

Diante da multiplicidade de realidades, os personagens criam um método para tentar diferenciar as dimensões: cada grupo escolhe objetos aleatórios, que são colocados em uma caixa. Assim, a ideia é que, ao retornar para sua casa, possam conferir os itens e confirmar se estão na realidade original.

Porém, conforme os acontecimentos se intensificam, o sistema falha. As caixas revelam objetos cada vez mais variados, deixando os personagens — e o espectador — sem uma referência segura sobre qual realidade é a “certa”. Essa escolha narrativa contribui para o clima de incerteza que permeia todo o filme.

A fragmentação dos personagens de Coherence (2013)

Com o desenrolar dos eventos, os personagens começam a perceber que não podem mais confiar nem em si mesmos nem nos outros. Pequenas diferenças comportamentais denunciam que, em muitas ocasiões, não estão interagindo com as versões originais de seus amigos, mas com cópias vindas de outras realidades.

Esse recurso permite ao filme explorar a fragilidade das relações humanas. Conflitos antigos, ciúmes e ressentimentos vêm à tona, criando um paralelo entre a desordem cósmica e a instabilidade emocional dos protagonistas.

O final explicado de Coerência

No desfecho, Em (Emily Baldoni) decide buscar uma realidade alternativa na qual sua vida pareça mais estável e tenta substituir a versão de si mesma que vive ali. O plano, porém, não sai como esperado: a Em original não desaparece, e a protagonista se vê diante das consequências de sua escolha.

O filme termina de forma ambígua, com uma ligação telefônica inesperada, sugerindo que as anomalias continuam e que a protagonista talvez jamais consiga encontrar uma versão definitiva da realidade. O final levanta questionamentos sobre identidade, pertencimento e as consequências de tentar manipular o próprio destino.

A estética minimalista e o improviso

Filmado ao longo de cinco dias, Coerência foi produzido com recursos limitados, utilizando iluminação natural e câmera na mão para criar uma atmosfera de realismo. Não houve um roteiro detalhado: os roteiristas estabeleceram apenas a estrutura geral da história e deixaram os diálogos para improvisação do elenco.

Essa abordagem contribui para a naturalidade das interações e potencializa a sensação de desorientação do espectador. Em vez de efeitos visuais elaborados, o filme aposta no uso de diálogos, conflitos interpessoais e incertezas existenciais para construir tensão.

Crítica: vale à pena assistir Coerência?

Coerência é uma obra que convida o espectador a refletir sobre identidade, livre-arbítrio e as infinitas possibilidades da existência. Ao combinar um conceito de ficção científica com conflitos emocionais cotidianos, o filme constrói uma experiência envolvente que permanece aberta a múltiplas interpretações.

Onde assistir Coerência (Coherence, 2013)

Atualmente, o filme está disponível no catálogo do Prime Video. Embora muitos espectadores esperem encontrá-lo na Netflix, a plataforma não oferece o título em seu acervo no momento.