Código Preto (Black Bag, 2025) - Crítica do filme de Steven Soderbergh Código Preto (Black Bag, 2025) - Crítica do filme de Steven Soderbergh

Código Preto (Black Bag, 2025) | Crítica do Filme | Prime Video

Treze anos após ter anunciado uma aposentadoria que nunca se concretizou, Steven Soderbergh continua em ritmo acelerado. Depois de lançar Presence no início do ano, o diretor retorna com Código Preto (Black Bag, 2025), disponível no Prime Video, uma produção que mistura espionagem, drama conjugal e jogos psicológicos. Estrelado por Michael Fassbender e Cate Blanchett, o filme marca a terceira colaboração de Soderbergh com o roteirista David Koepp e reafirma a habilidade do cineasta em reinventar gêneros já conhecidos. Confira a nossa crítica:

Um thriller de espionagem pouco convencional: a trama de Código Preto (Black Bag)

Na trama, Fassbender interpreta George Woodhouse, um agente da inteligência britânica encarregado de encontrar um traidor dentro da própria agência. A lista de suspeitos, no entanto, inclui ninguém menos do que Kathryn, sua esposa e colega de trabalho, vivida por Blanchett. Esse conflito central abre espaço para um thriller mais voltado às relações pessoais do que às grandes cenas de ação típicas de histórias de espionagem.

Logo no início, George organiza um jantar com colegas e possíveis suspeitos, entre eles personagens interpretados por Tom Burke, Regé-Jean Page, Naomie Harris e Marisa Abela. O encontro, regado a verdades forçadas e revelações inesperadas, funciona como um microcosmo do filme: um jogo de gato e rato em que a lealdade é colocada à prova a cada diálogo.

Mais John le Carré do que James Bond

Embora a presença de atores ligados ao imaginário de 007, como Pierce Brosnan, convide à comparação com o universo Bond, Código Preto está mais próximo da tradição de John le Carré. Em vez de apostar em explosões e perseguições, Soderbergh prefere explorar o impacto dos segredos e das mentiras no interior de seus personagens. O chamado “projeto Severus”, uma arma cibernética que funciona como MacGuffin da narrativa, nunca é o verdadeiro centro da história — o foco é a rede de manipulações que envolve cada agente.

O resultado é um filme que transforma diálogos, olhares e pequenos gestos em motor de suspense. A câmera de Soderbergh, sempre precisa, mantém o espectador atento aos detalhes, enquanto a trilha sonora de David Holmes adiciona ritmo às reviravoltas. Assim como em Onze Homens e um Segredo, há o fascínio pelo jogo estratégico, mas aqui a arena é íntima e pessoal.

O peso do casamento em meio ao dever

O roteiro de Koepp explora a tensão entre vida pessoal e profissional. George é constantemente colocado diante de dilemas que questionam o limite entre o amor conjugal e a lealdade institucional. Denunciar Kathryn significaria trair sua parceira ou apenas cumprir sua função como agente? Essa dúvida percorre toda a narrativa e mantém a tensão em alto nível até os momentos finais.

Código Preto (Black Bag, 2025) - Fatos e Curiosidades do filme disponível no Prime Video

A química entre Fassbender e Blanchett é essencial para que esse dilema funcione. O casal transmite ao mesmo tempo proximidade e desconfiança, e o espectador é levado a questionar em quem realmente se pode confiar. O elenco de apoio, com destaque para Harris, Page e Burke, contribui para a sensação de que ninguém está completamente fora de suspeita.

O final explicado de Código Preto, disponível no Prime Video

Sem recorrer a grandes explosões ou clímax espetaculares, Código Preto conduz o público a um desfecho que remete a um mistério clássico. À maneira de Agatha Christie, a revelação final acontece em um ambiente doméstico, expondo o culpado e desmontando suas estratégias. É um encerramento que reforça a proposta do filme: mais do que a ação, o que importa é o jogo psicológico e as consequências das escolhas pessoais.

Crítica de Código Preto: um Soderbergh em plena forma

Com Código Preto, Soderbergh mostra novamente sua versatilidade ao transformar uma trama de espionagem em um estudo de personagens. O filme é, ao mesmo tempo, uma intrincada rede de segredos e uma análise das fragilidades humanas diante da pressão do poder. No Prime Video, a obra se destaca como uma experiência envolvente para quem busca suspense sem recorrer aos clichês de ação, apostando na força das atuações e no olhar minucioso do diretor.