Quando vi as primeiras informações sobre Citadel, nova série de ação e espionagem do Prime Video, logo percebi semelhanças com outras produções que envolvem e flertam com esse gênero, que se consagrou na indústria do entretenimento levando os nomes dos agentes James Bond e Ethan Hunt. É interessante ver uma série de TV com a ambição de criar uma franquia de sucesso. Embora não possa afirmar se Citadel alcançará esse feito, certamente possui potencial.
A trama gira em torno de uma grande agência internacional de espionagem, que dá nome à série, e está por trás dos principais eventos mundiais dos últimos 100 anos. Acompanhamos os dois principais agentes, Nadia Sinh e Mason Kane, interpretados por Priyanka Chopra Jonas e Richard Madden, respectivamente, enquanto testemunhamos os momentos finais da agência e suas vidas como espiões. Com isso em mente, esperava que os criadores, David Weil, Bryan Oh e Josh Appelbaum, fizessem algo no texto que mostrasse os impactos da derrocada da agência pelo mundo. Mas esse não é o foco.
Com seis episódios, a primeira temporada da série se concentra em fazer com que estes personagens retornem, após oito anos sem suas antigas memórias, à vida que possuíam antes da queda. E é desse ponto que a ação e a narrativa se desenrolam, e também surgem os problemas.
O roteiro se esforça para criar algo crível em uma realidade em que a política, na era da informação, se assemelha aos clássicos filmes de espionagem. Embora dúvidas possam surgir na mente de qualquer espectador minimamente envolvido na trama, a série tem seu charme e certamente agradará aqueles que apreciam uma mistura de ação e suspense. Não à toa, roteiristas deixam transparecer as diversas referências que usaram para construir o universo de “Citadel”, incluindo Jason Bourne e O Agente da U.N.C.L.E.. A Amazon confia tanto nesse projeto, com o dedo dos irmãos Russo (Agente Oculto, Capitão América 2) na produção executiva, que uma nova temporada e uma série derivada já foram confirmadas antes mesmo da estreia oficial.
Ainda assim, não recomendo criar expectativas exageradas. Parece que algo está faltando em seu desenvolvimento, talvez um roteiro mais consistente, ou uma exploração mais aprofundada daquele universo. Já que se espelha tanto em grandes produções, os roteiristas também poderiam tratar os diálogos com um tom mais de suspense, como Um Jantar Entre Espiões entregou tão bem, e fugir mais desse volumoso universo espelhado em 007 e Missão: Impossível. No entanto, acredito que isso pode ser trabalhado nos próximos capítulos da franquia que estão por vir.
O elenco secundário da série também é interessante, com o já conhecido Stanley Tucci (Spotlight, franquia Jogos Vorazes) e Lesley Manville (Sra. Harris Vai a Paris, Trama Fantasma) como os principais destaques. Dahlia, a antagonista interpretada por Manville, chama a atenção devido ao seu passado e à reviravolta no final da temporada. Ela, sem dúvidas, terá um papel ainda maior no futuro.
“Citadel” é isso. Você assiste e pensa que já viu algo parecido, e realmente deve ter visto. No entanto, o potencial de ver e descobrir algo com mais ação e suspense está todo ali, e eu espero que os criadores entendam isso.