Cidade de Sombras - crítica, fatos e curiosidades da série espanhola da Netflix Cidade de Sombras - crítica, fatos e curiosidades da série espanhola da Netflix

Cidade de Sombras (2025) | Crítica da Série | Netflix

A série espanhola Cidade de Sombras (City of Shadows), estreia da Netflix em 2025, chega ao catálogo como mais uma aposta no já conhecido subgênero do mistério policial com comentário social. Dirigida por Jorge Torregrossa e estruturada em seis episódios, a produção tenta se diferenciar ao combinar investigação criminal, crítica ao capitalismo urbano e um retrato sombrio das transformações de Barcelona. O resultado é irregular, mas sustentado por atuações consistentes e por uma proposta temática clara. Leia a crítica:

CEO assassinado e uma cidade em choque: a trama da série

A trama tem início com o assassinato de Pinto, CEO de uma das maiores construtoras da cidade. O crime ocorre em um momento sensível: eleições se aproximam e a visita do Papa coloca as autoridades sob pressão máxima. Com praticamente toda a polícia mobilizada, o detetive Milo, afastado após um episódio de violência e ainda lidando com um trauma familiar, é reintegrado à força. Ele passa a trabalhar ao lado de Rebeca, investigadora que rapidamente percebe padrões incômodos nos crimes. Quando um segundo empresário influente é sequestrado e morto de maneira semelhante, a hipótese de um assassino em série deixa de ser descartada.

O roteiro, adaptado do livro O Assassino de La Pedrera, desenvolve a investigação ao mesmo tempo em que apresenta obstáculos pessoais e institucionais para Milo. Seus conflitos internos, a pressão do superior Bastos e a presença constante de um jornalista que insiste em expor o caso formam um triângulo de tensão que acompanha toda a temporada. A pergunta central não é apenas quem está por trás dos crimes, mas se a verdade conseguirá emergir em um sistema que protege interesses econômicos.

Ao longo dos episódios, Cidade de Sombras aborda temas amplos: especulação imobiliária, desigualdade social, corrupção estrutural, falhas na proteção de crianças em instituições públicas e saúde mental. A série aponta como projetos de “modernização” urbana afetam diretamente populações vulneráveis, enquanto beneficiam uma elite intocável. No entanto, essa abordagem permanece majoritariamente na superfície. Quando a narrativa avança para a revelação do passado dos responsáveis pelos crimes, parte da crítica social perde força, criando uma contradição difícil de ignorar.

Visualmente, a série também apresenta altos e baixos. A utilização da arquitetura de Antoni Gaudí e a inserção de imagens documentais sobre a transformação de Barcelona funcionam bem e reforçam o discurso urbano da trama. Em contraste, muitas cenas de diálogo seguem uma linguagem televisiva convencional, com edição irregular e escolhas visuais pouco marcantes. Essas falhas se tornam mais evidentes para quem assiste aos episódios em sequência.

Cidade de Sombras - crítica, fatos e curiosidades da série espanhola da Netflix

O maior destaque da produção está no elenco. Verónica Echegui, em sua última atuação como Rebeca, entrega uma composição segura, com domínio corporal e precisão emocional. Sua parceria com Isak Férriz, que interpreta Milo, sustenta a série nos momentos mais frágeis do roteiro. O elenco de apoio, incluindo Ana Wagener, Manolo Solo e Marc Clotet, contribui para a credibilidade do universo apresentado.

Crítica: vale à pena assistir Cidade de Sombras na Netflix?

No fim, Cidade de Sombras não reinventa o gênero, mas oferece um mistério funcional, com comentários sociais reconhecíveis e interpretações acima da média. Sem grandes surpresas, a série encontra seu valor na atmosfera e nos personagens, sendo uma escolha válida para quem busca um thriller policial direto, com tons políticos e urbanos.