“Me dá um choque de amor”
Os anos oitenta e noventa foram marcados por várias boybands, e “Chocante” embarca nesse marco e compõe sua história a partir disso. Cinco amigos que conquistaram o Brasil com sua música, tiveram uma carreira de apenas oito meses e se separaram. Depois de um infortúnio evento, vinte anos mais tarde eles voltam a ser reencontrar e decidem mais uma vez se juntar como uma antiga banda.
Dirigido por Gustavo Bonafé e Johnny Araújo, o longa brasileiro possui um destaque e um diferencial frente as outras obras de comédia nacionais, não que isso seja o trabalho mais difícil do mundo, mas onde tivemos “O Candidato Honesto“, “Crô” e companhia, “Chocante” vem para aliviar um pouco esse gosto amargo e dizer que há alguma esperança no fim do túnel.
Um dos elementos principais e que carregam bem a narrativa é o fator nostalgia, é criado uma atmosfera bem envolvente quando é abordado esse elemento. Tão importante, que é um dos alicerces que traz o grupo de volta a querer produzir algo depois de longos anos parados. E claro, essencialmente gerando uma carga emocional que cumpre com seu papel de fisgar o espectador e comprar a causa do que está acontecendo na história.
O elenco vence no carisma e nas piadas pontuais. Destaque para Téo (Bruno Mazzeo) e Clay (Marcus Majella). Há uma energia e uma sintonia nos quatro atores principais, eles funcionam bem em cena, embora, esse fator não tenha sido aproveitado como deveria, deixando boas gags passarem direto. Tim (Lúcio Mauro FIlho), Toni (Bruno Garcia) sofrem com um certo mau aproveitamento em cena, há potencial, mas não há exploração. O mesmo para Rod (Pedro Neschiling), não contribui muito para o desenvolvimento.
O roteiro do filme passeia entre as vidas atuais dos ex-integrantes da banda, mostrando como alguns ficaram monótonos e descontentes com suas atuais rotinas e de como a falta do glamour e fama os afetaram com o passar do tempo. Explorando as relações interpessoais entre família, amigos, trabalho. Existe uma balança boa entre a comédia e o um pouco do drama, o filme poderia facilmente se perder e cair num mar de sentimentalismo ou de besteirol, mas existe uma mensagem relevante, embora bastante simplória.
Existe um problema de ritmo, a trama começa a se inchar demais com coisas sem relevância criando um clima massante e levantando questões como: “Por qual razão estamos perdendo tempo nessa cena se poderia está acontecendo aquela outra coisa naquele outro núcleo?“. O longa parece ser auto consciente com esses aspectos, mas não os trabalham bem. A comédia até tende um pouco para o no sense, mas logo esquece esse elemento.
O grande problema de “Chocante” é sua falta de construção de um clímax. Infelizmente, a obra não sabe como encerrar, perdendo até uma boa oportunidade de deixar marcado melhor as mensagens que tenta pregar, mas falha. O que chega a ser um pouco desleal também, é haver a promessa de algo e não ser cumprida. Como já dito, parece que o filme é auto consciente desses problemas, agora a questão que fica, é porque não fazer um trabalho mais redondo.
Fica aí um destaque para a música “Choque de amor“. É pegajosa.
“Chocante” diverte e mostra que algo de bom e escapista pode existir nas comédias brasileiras no que se diz respeito a cinema.