Isaac Amendoim em Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa Isaac Amendoim em Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa

Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa: uma viagem à infância

Isaac Amendoim parece ter nascido para ser Chico Bento

Assistir ao filme Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa foi uma experiência especial, muito por conta de uma colaboração inesperada: eu e minha filha, de 7 anos, ambas fãs da Turma da Mônica. Durante a exibição, foi como se a criança de 10 anos que eu fui assumisse a narrativa, me lembrando de minha infância do interior.

Entrei na sala de cinema na expectativa do que estava por vir, já assistimos a outros filmes da “Turma da Mônica” no cinema antes, mas Chico Bento tinha algo de diferente para mim. Desde o trailer, já se percebia a promessa de um universo que remetia à simplicidade das férias, com brincadeiras despreocupadas, banhos de rio, e a deliciosa sensação de colher frutas diretamente do pé. A identificação foi imediata: a vida na Vila Abobrinha pareceu refletir aquele lugar mágico de infância, onde até figuras como o rabugento Nhô Lau, interpretado com maestria por Luis Lobianco, despertam memórias e sorrisos.

O filme começa com o carismático Isaac Amendoim, que parece ter nascido para ser Chico Bento. Com toda sua graça e espontaneidade, é como se ele tivesse saído diretamente dos quadrinhos. A trama, narrada pelo próprio Chico, gira em torno de sua conexão especial com a goiabeira que, ironicamente, cresce no terreno de Nhô Lau. A história fica dramática com a chegada do Dotô Agripino (Augusto Madeira) e seu filho Genesinho (Enzo Henrique), que querem derrubar a árvore para a construção de uma estrada. Daí em diante, Chico e seus amigos vão em busca de salvar a goiabeira.

Debora Falabella e Isaac Amendoim em Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa
Créditos da imagem: Fabio Braga

Apresentando um ótima mensagem sobre união, amizade e resiliência, “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa” cativa tanto crianças quanto adultos. Com um elenco acertado e um roteiro, que, embora “bobo” como uma história em quadrinhos infantil, consegue prender a atenção e fazer sorrir quando você menos percebe. A interação entre Chico, Zé Lelé (Pedro Dantas) e Nhô Lau é tão genuína que parece retirada diretamente das páginas do gibi. Além disso, a presença de Débora Falabella como a professora Marocas e de Taís Araújo em um papel especial enriquece ainda mais a história. Há também participações surpresas que arrancam sorrisos espontâneos, como um personagem inesperado que faz valer cada segundo de sua aparição.

É ótimo ver que a direção consegue capturar a essência da obra de Maurício de Sousa, equilibrando humor, emoção e nostalgia. A fotografia deslumbrante e a ambientação encantadora transformam a Vila Abobrinha em um personagem por si só, celebrando a simplicidade e a conexão com a natureza.

Em vários momentos, enquanto sorria ou me emocionava, observava na minha filha os mesmos sentimentos, fazendo tudo ficar ainda mais delicioso e deixar uma sensação gostosa de felicidade. Ela amou. Na verdade, não sei quem gostou mais, só sei que eu saí de lá com a sensação de ter voltado na minha infância. Das brincadeiras subindo em árvores, da comida de vó, dos banhos de rio e os amigos prontos para todas as aventuras possíveis. 

Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa é um convite à família para embarcar em uma história que une gerações. Como diria o próprio Chico: “É mió cê num perdê”.

Por Érica Gadelha.