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Casamento Sangrento

Sinopse: Horas após o casamento dos seus sonhos, Grace retorna à casa de campo do novo marido para passar a noite com seus novos sogros. Mas isso não é lua de mel, e Grace logo se vê em uma luta sangrenta pela sobrevivência.

Desde que somos crianças, enfiam na nossa cabeça que nós, mulheres, só seremos completas e dignas casando e tendo filhos. Se casamos, insistem que tenhamos filhos. Se temos filhos sem casar, insistem que precisamos do matrimônio para ter uma família. Mas, quem conhece a realidade da família brasileira sabe que não funciona assim, porém, não é o foco no momento.

O foco de Casamento Sangrento é Grace (Samara Weaving), uma mulher órfã que sempre sonhou em ter uma família para chamar de sua, e por isso, Alex LeDomas (Mark O’Brien), um dos herdeiros de um império de jogos de tabuleiro, a pede em casamento. O dia parece incrível, perfeito, e os parentes do seu noivo demonstram gostar dela. Após a cerimônia íntima, Grace espera por uma tranquila lua de mel, mas o que recebe de verdade é fazer parte de um jogo macabro em que o prêmio é a sua vida!

E por que é tão bom?

Sim, queridos e queridas, o filme é um deleite para quem gosta de um bom terror. Os primeiros minutos do longa nos entregam um pouco do que devemos esperar para o futuro da protagonista, o que torna a sua interação com os membros da sua futura família desconfortável para quem está assistindo, pois temos aquele vislumbre de que vai dar uma puta merda pro lado da coitada. E falando nisso, o modo como cada personagem é apresentado é impecável – entendemos boa parte das suas personalidades por meio de breves interações e poucos diálogos. Esse feito é bem difícil de ser atingido, pois não é qualquer roteirista ou diretor(a) que consegue trabalhar esse tipo de exposição sem ficar forçado ou faltando algo. Sabemos logo tudo o que precisamos e o filme não enrola para nos apresentar o cenário principal: o jogo.

Grace fica inicialmente apavorada, confusa, chocada, e, para esse feito, a direção escolheu também dar um spoiler para a protagonista sobre o que aconteceria com ela se não levasse aquele jogo a sério. As cenas e os acontecimentos são feitos de maneira orgânica, sem forçar a barra, e conseguimos entrar de cabeça no perigo que ela corre, no seu desespero e me fez imaginar como eu reagiria. Será que eu conseguiria escapar? Ou teria coragem de me defender machucando outro ser humano? Espero nunca descobrir, mas Grace é obrigada a saber disso. A trama de Casamento Sangrento nos entrega várias cenas de suspense, reviravoltas, drama, dor, e nos entregamos completamente ao que está acontecendo em tela.

A cada reviravolta prendemos um pouco a respiração. Claro que há algumas facilitações no roteiro para que o filme não seja curto, pois se conseguissem rapidamente capturar a noiva, a narrativa ficaria meio… meh. Sem graça. E além do que se passa em tela, as entrelinhas também interessantes quando as entendemos, com temas como família e aceitação, tudo bem trabalhadinho, com cada assunto parecendo ao mesmo tempo milimetricamente feito para entendermos certos detalhes e, ao mesmo tempo, natural.

Inclusive, a motivação de cada personagem é bem estabelecida, principalmente a de Alex, que nos deixa completamente “POR QUÊ???” pra cima dele, afinal, ele sabia de tudo e ainda assim arrastou a sua amada para aquela confusão. Inclusive, ela mesma o questiona sobre isso e a criação dele é tão intrínseca para acreditar no que sempre o falaram que ele chega a meio que culpá-la pelo próprio destino – pois se ele não a pedisse em casamento, acreditava que ela ia deixá-lo, e se contasse para ela sobre a sua família, tinha certeza de que ela também o deixaria, então deixou que o destino decidisse o que iria acontecer. Como dito anteriormente, Grace sonhava com tudo o que somos levadas a acreditar que vai nos fazer completas, e a própria diz que só vai se for o “caminho todo” (casamento).

Claro, não vou mentir que há algumas passagens que beiram a caricatura – principalmente quando há críticas relacionadas aos ricos, como se vivessem em um mundo paralelo ao nosso. E vivem mesmo, por isso é tão divertido ver que a garota pobre, sem família, tem a possibilidade de chutar a bunda deles. Alguns personagens são extremamente descartáveis e só servem para um leve alívio cômico no meio do filme, que tem um gore delicioso para quem curte o gênero. O longa não tem pena alguma em nos mostrar cenas violentas, corpos deformados e por aí vai.

Casamento Sangrento nos entrega um desenrolar que nos deixa nervosos(as) e, ocasionalmente, nos tira um riso. O “crescendo” da ação, do suspense, das reações de cada personagem nos pegam de jeito. Grace luta como uma verdadeira leoa por sua vida, assim como a família de seu noivo luta pela deles, em um toma lá dá cá frenético, mas com algum tempo para respirarmos por alguns segundos.

Casamento Sangrento está disponível na plataforma Star+.