Apesar de todos os acertos de seu primeiro ano, A Casa do Dragão soava como uma promessa de que momentos grandiosos e sangrentos estavam por vir. Quem conhece o universo de George R.R. Martin de outros tempos sabe que ninguém está seguro em Westeros. “Um Filho por um Filho”, primeiro episódio da segunda temporada, ainda carrega a característica de posicionar as peças no tabuleiro da guerra. No entanto, o pontapé necessário para que a trama avance para o caos e o drama que marcam a disputa Targaryen pelo trono. É um trágico e melancólico início de temporada.
Continuando os eventos da primeira temporada, Jace Velaryon (Harry Collett) chega ao Norte para formar uma aliança com Cregan Stark (Tom Taylor). É sempre um prazer visitar o Norte e a Muralha novamente, mesmo que por pouco tempo. Enquanto o acordo parecia evoluir, ambos os personagens descobrem sobre a trágica morte de Luke Velaryon (Elliot Grihault). Do outro lado do mapa, Rhaenyra (Emma D’Arcy) entra em luto pelo filho enquanto seus aliados, principalmente Daemon (Matt Smith), desejam vingança. Em Porto Real, Alicent (Olivia Cooke) se preocupa com as consequências das ações de Aemond (Ewan Mitchell) e o comportamento de Aegon (Tom Glynn-Carney).
Com uma diferença de dois anos entre as temporadas de “A Casa do Dragão”, o primeiro episódio dedica boa parte de sua duração para situar o espectador em ambos os lados do conflito. Os Pretos sentem que este é o momento para revidar e assumir a ofensiva, impondo bloqueios marítimos em rotas comerciais. Na figura de Daemon reside a ânsia por uma abordagem mais violenta que passe uma mensagem aos inimigos. Já Rhaenyra e Jace protagonizam os momentos de maior emoção, com destaque para a atuação de Emma, especialmente nos momentos de silêncio.
Pelo lado dos Verdes, continuam os esquemas e planos mirabolantes. O jogo de interesses entre os personagens, com o surgimento de atritos entre Aemond e Otto Hightower (Rhys Ifans), deixa claras as divergências sobre como agir nos próximos movimentos da guerra. Com o descontentamento popular, a figura de Aegon como rei é testada e as intervenções de Otto atraem olhares de inveja. É possível que traições ocorram nos próximos capítulos.
Não é segredo que “A Casa do Dragão” difere bastante do material base, e a série continua por esse caminho na segunda temporada. O showrunner Ryan J. Condal investe na dualidade entre Rhaenyra e Alicent, alimentando o sentimento de rivalidade também entre os espectadores. Ficava clara, por parte do roteiro, uma preferência pelos Pretos, humanizando boa parte dos personagens desse núcleo. Na tentativa de equilibrar mais a balança, o primeiro episódio mostra que os Verdes não são apenas monstros. Surgem então cenas como Alicent rezando por Luke e Aegon se mostrando um pai aparentemente amoroso.
Claro que isso funciona como uma antecipação ao que deveria ser o momento mais impactante do episódio e um divisor de águas nos rumos da guerra. Existe sim a tragédia e a cobrança de uma dívida de sangue, mas de uma maneira bem menos tensa do que o esperado pelos fãs. A direção de Alan Taylor peca nesse sentido, tirando boa parte da emoção. De todo modo, o ato hediondo resultará em um banho de sangue e batalhas grandiosas entre dragões.
Mesmo não sendo um episódio grandioso, “Um Filho por um Filho“ dá o tom do que poderemos esperar no restante da temporada. Resta a expectativa para saber se “A Casa do Dragão” saberá alegrar as noites de domingo dos fãs assim como “Game of Thrones” fazia.