Com o ritmo simultâneo dos filmes atuais, entre ação e ação, às vezes um filme mais tranquilo passa despercebido pelos nosso conhecimento cinematográfico. Filmes que possuem uma abordagem emocional com uma narrativa mais filosófica. Capitão Fantástico nos traz isso como forma de confronto real entre o meu eu interno e externo que absorve tudo desse mundo.
Capitão Fantástico é estrelado por Viggo Mortensen (O Senhor do Anéis) traz um aspecto narrativo de grande vantagem onde vemos um naturalista que resolveu criar seus filhos longe da sociedade capitalista e tecnológica e do odioso sistema opressor. O filme foi dirigido e roteirizado por Matt Ross (The Ranch), iniciante que nos encanta com todo o seu potencial em contar uma história direta, real e de confronto social.
Depois da morte da esposa de Ben (Mortensen), o grande Capitão, resolve ir atrás do corpo da amada que sofria de problemas psicológicos o que gerou o seu adeus. Pai de 6 crianças criadas de uma maneira totalmente diferente, rígida, autoritária, atleticamente saudável e longe de todo mal que nossa sociedade possui. Ele resolve levá-las junto para cumprir com o desejo da falecida esposa. Esse contato das crianças com um novo mundo começa a mudar toda a forma como elas enxergavam a sua criação e também a rever algumas atitudes do pai em privá-las de certas escolhas. Ben tem que lidar com o novo olhar dos filhos a respeito dessa sociedade e com as pessoas de sua família ao acharem que sua criação é forçada e exigente demais para as crianças.
Isso nos traz uma nova forma de ver como os dois impactos sociais se traçam e acabam de alguma forma nos dando ideias erradas e corretas. Essa briga de duas realidades se levanta com diversos questionamentos, tanto de Ben com relação ao seus filhos, como das crianças em descobrir uma nova de visão sobre o que é o mundo. Isso se mistura no que o filme se expressa, na sua questão visual onde cores de estilos variados e de vestimentas representam a personalidade de Ben e seus filhos. Onde ciclos são criados, por fim, moldados através de caráter e nos trazendo uma transformação de experiências. O Contato com a tecnologia, o contato do filho mais velho com a sua sexualidade ao se apaixonar por uma moça, o contato real como esse universo antes desconhecido.
Capitão Fantástico se mostrou um dos melhores filmes do ano de 2016, com indicação ao Sundance Festival Film e ao Festival de Cannes. O filme, com a sua visão de que Ben ao achar que tudo o que criou foi o paraíso para os seus filhos, se torna em algo que ele tanto evitou, tanto para ele e para os seus amados filhos. Em uma visão nova, diferenciada, que acaba mostrando a ele que tudo tem o seu limite, e que as vezes o melhor de um é o pior para o outro.
A composição de narrativa com a trilha sonora nos traz diversos momentos belos e sentimentais. A cena da festa de passagem de vida, onde Ben e sua família dão um show de atuação ao cantarem “Sweet Child O’mine“, traz uma grande significância tanto na letra da música, como no encaixe com a cena. O filme nos mostra uma narrativa diferenciada, mais lenta, porém aproveitada em cada trecho e nos seus atos explicativos. É um filme mais sentimental, pensativo, requer muita atenção do espectador a cada ponto. Não deixa em nenhum momento de ser um bom filme, e sem dúvidas está longe de ser mais uma “chatice artística” que não nos entretém.