Cães de Caça Cães de Caça

Cães de Caça: agiotagem e pancadaria

Arrebatador e cheio de momentos de total desespero com o “mal” vencendo quase todas, a série coreana “Cães de Caça” chegou ao streaming da Netflix e garantiu seu lugar – muito bem merecido – entre as produções mais assistidas da semana.

Quando sua mãe cai em um golpe de uma empresa de agiotagem, Kim Gun Woo – um aspirante a boxeador dedicado – acaba por entrar em um mundo muito diferente do que ele estava acostumado, junto com seu novo amigo Hong Woo Jin, para reparar todos os danos causados a sua família e a uma sociedade em desespero e cheia de agiotas aproveitadores do infortúnio dos outros.

A série, que tem apenas oito episódios, é baseada em um webtoon de mesmo nome – “사냥개들” em coreano – escrito por Jung Chan.

Sem dar muitos spoilers sobre a série, ela pode ser resumida em duas palavras: revoltante e eficiente. Geralmente, a grande maioria dos dramas coreanos são bem estruturados, com um começo, meio e um fim bem resolvido, sem dar nenhuma brecha para qualquer outro caminho na história. E “Cães de Caça” é assim, mas em um nível diferente. Talvez algumas pessoas pensem em comparar a nova série com “Vincenzo” – outro sucesso coreano na Netflix – pois os dois se tratam de tramas que envolvem muita vingança e uma certa máfia.

Não seria errado fazer essa comparação se não fosse o simples fato de que, em Vincenzo, os principais sempre conseguem sair de uma situação precária quase instantaneamente. Em “Cães de Caça”, quando é para dar errado para os mocinhos, tudo vai dar o mais errado possível, em todos os níveis imagináveis.

Mas vamos começar do começo e falar um pouco sobre como tudo se junta para dar errado.

A história se passa durante a pandemia da COVID-19, e Gun Woo é um jovem ex-fuzileiro naval, que tem como objetivo de vida ser forte o suficiente para ser um grande boxeador e proteger sua mãe. Durante um torneio de boxe, no qual ele sai vitorioso, Gun Woo conhece e faz amizade com Woo Jin, também aspirante a boxeador e ex-fuzileiro naval. A mãe de Gun Woo tem um cafeteria que foi muito afetada pela pandemia e acaba possuindo dívidas que a levam a assinar um contrato com uma empresa chamada Smile Capital.

O problema dessa empresa é que ela é mais uma empresa de agiotas, com um CEO completamente cruel e impassível, que não se importa nem um pouco com as pessoas e que visa apenas a ganhar dinheiro de diversas maneiras, sejam legais ou ilegais. Então, depois que ela assina com a empresa e não paga no primeiro dia o que precisa pagar – um valor extraordinário, que estava obviamente escondido em uma cláusula minúscula -, os capangas do CEO vão a sua loja e começam a destruir tudo.

Enquanto sua loja é destruída, ela liga para o filho, que corre para dar auxílio à sua mãe em perigo. Mesmo sendo muito forte e derrubando a maioria dos capangas com um soco apenas, Gun Woo acaba sendo derrotado e ainda tem seu rosto cortado pelo CEO, que ameaça a mãe do ex-fuzileiro, caso eles decidam ir à polícia.

E é assim que o garoto certinho entra em um mundo de agiotagem e crimes. Com a ajuda de Woojin e outras pessoas, Gun Woo vai em busca de justiça e paz para sua família e para que mais nenhuma outra pessoa seja afetada como ele foi.

Muito bonito esse pensamento, mas enquanto passam os episódios, o que pode passar na cabeça do espectador é que talvez seja melhor ele desistir, pois a situação só piora dez vezes mais, mesmo quando pensamos que as coisas estão finalmente virando para o lado do bem.

Momentos de aflição e muita raiva são o que o público pode esperar, em que as coisas ruins acontecem de forma bastante lenta e angustiante, mas quando a maré vira – ou parece virar -, as circunstâncias parecem ter um ritmo bem acelerado, e então o fim da série chega. Parece que tudo acontece rápido demais, talvez seja pelo que acontece perto do finalzinho do penúltimo episódio, mas termina com uma ótima sensação de dever cumprido.