Adaptação da série de jogos de mesmo nome, o filme Borderlands – O Destino do Universo Está em Jogo tem uma premissa bem simples: ser uma aventura de ação genérica, repleta de referências aos jogos, talvez tentando evocar um pouco do estilo de “Guardiões da Galáxia” (mas sem chegar perto de tal qualidade). O filme não tenta reinventar a roda, nem alterar a história para criar algo totalmente novo — é, essencialmente, um típico filme de sessão da tarde, daqueles que você esquece rapidamente ou, em alguns casos, critica duramente por ser ruim.
Lilith (Cate Blanchett) é uma caçadora de recompensas durona, contratada pelo maior empreendedor das galáxias, Atlas (Édgar Ramirez), para resgatar sua suposta filha sequestrada, Tina (Ariana Greenblatt), que estaria nas mãos de um ex-agente, Roland (Kevin Hart). Para isso, Lilith precisa voltar ao seu planeta de origem, Pandora, onde acaba encontrando Tina, mas também se envolve em uma trama para localizar a “arca”, um artefato lendário que concede acesso a uma tecnologia alienígena antiga, criada por uma raça que já dominou a galáxia.
“Borderlands” parece mais preocupado em se assemelhar a um videogame do que em ser um filme propriamente dito, o que resulta em uma estética artificial em vários aspectos, desde a peruca de Cate Blanchett (embora bem-feita, ainda assim obviamente uma peruca) até os enquadramentos de cena. O roteiro, por sua vez, é raso, falhando em elementos básicos como a integração da trilha sonora com as cenas. A formação do grupo, essencial para a trama, ocorre de forma forçada, como um grande “vamos nos juntar porque sim”, dando a impressão de que o filme se resume a passar de fase — e, falando nisso, as transições entre as fases são desconectadas.
Apesar do elenco de peso, as atuações são decepcionantes. Cate Blanchett admitiu em entrevista que aceitou o papel porque parecia uma ideia louca, provavelmente influenciada pelo contexto da pandemia, o que soa como uma tentativa de se isentar de qualquer responsabilidade. Nem mesmo a dublagem de Jack Black salva o filme; seu personagem, Claptrap, deveria ser o alívio cômico, mas muitas vezes é simplesmente irritante, com diálogos clichês, assim como Krieg (Florian Munteanu), cujas falas parecem ter sido copiadas diretamente do jogo (uma suposição minha, já que nunca joguei, mas soa muito artificial). Jamie Lee Curtis parece mais perdida do que um gato num canil, entregando uma atuação sem brilho em uma personagem igualmente sem graça.
É claro que “Borderlands” enfrentou vários problemas durante sua produção, incluindo a necessidade de regravar muitas cenas e trocar de diretor. Esses fatores contribuíram para o resultado final desconexo e problemático do filme. Ainda assim, se você estiver disposto a desligar o cérebro e não pensar em absolutamente nada, pode até apreciar os efeitos especiais, que começam bons mas vão perdendo qualidade ao longo da narrativa, as tentativas fracassadas de desviar a atenção da previsível reviravolta, o vilão genérico, as cenas de ação sem impacto, entre muitos outros defeitos. Na verdade, “Borderlands” é um grande defeito em si, mas, afinal, quem sou eu para julgar, não é mesmo?
Para não dizer que não tem nada de bom, até certa parte do filme, os efeitos especiais são muito bons. Eu, particularmente, gostei da caracterização obviamente falsa dos personagens, já que é uma adaptação do jogo e quiseram deixar o mais próximo possível. Talvez, se tivessem ido mais nesse sentido, “Borderlands” poderia ter sido bem mais do que só uma possível diversão alienante.