Em um dos seus arcos mais famosos, “O longo dia das bruxas” retrata um Batman ainda no início de sua carreira contra o crime de Gotham. Seus mais conhecidos inimigos ainda não foram consolidados, e ele luta contra um Serial Killer que passa a ser conhecido como Feriado, por somente matar nos feriados (dã). Porém, todas as mortes são feitas contra uma família das mais poderosas da máfia, os Falcone. Unido com Harvey Dent, que ainda não se tornou o Duas Caras, e o Comissário Gordon, o Homem-Morcego faz todas as investigações possíveis e necessárias para apreender o assassino.
A história viaja entre os assassinatos, as investigações, a relação de Bruce Wayne com seu outro eu, Batman, assim como seu romance com a belíssima Selina Kyle – que ele ainda não sabe ser a Mulher-Gato. Entre seus conflitos pessoais, o morcegão também se depara com novos vilões – tais como o Coringa, que também quer saber quem é o tal Feriado -, além de ter que viver a frustração de ter um inimigo que ele não consegue alcançar.
O enredo mostra também um pouco do passado de Bruce com seu pai e suas dores relacionadas à morte da mãe. Também aproveita para mostrar um pouco da importância de Wayne na cidade, e suas fragilidades como ser humano – que bate diretamente com a dureza com que o Batman é retratado, como sinônimo de poder e justiça. Inclusive, o herói aqui é desenhado de forma grandiosa, sempre parecendo maior do que realmente é em relação às coisas ao seu redor (em diversos momentos eu tive que parar de ler e mostrar pro boy: Tá vendo isso? Ele parece um armário!”).
De acordo com teorias psicanalistas, o Batman se utiliza do seu porte, assim como de sua inteligência para inspirar medo em seus inimigos e manter uma postura de poder e vantagem. Ele se tornou um vigilante implacável de maneira a poder proteger as pessoas da cidades, coisa que seu pai não pôde fazer – pois morreu -, assim como tomar o lugar de Thomas Wayne e superá-lo. Algo demonstrado em sua dor maior com a morte da mãe, que o pai teria falhado em proteger. Ao mesmo tempo em que o jovem Bruce se culpa por ter pedido à mãe que usasse as pérolas e tivesse morrido por conta delas. O protagonista é recheado de camadas, que muitas vezes roubam a cena para si.
Outro que rouba vários momentos, é Harvey Dent. Enquanto o comissário Gordon é o que sempre foi, implacável em sua gentileza e sua honestidade em relação a fazer o que é o certo, vemos o promotor público ir lentamente em caminho à loucura, mergulhando nas frustrações de não conseguir, de fato, fazer algo de concreto para a cidade. Os bandidos sempre saem impunes, de uma maneira ou outra, graças ao poder e ao dinheiro dos grandes chefes do crime, que ele tanto luta contra. Nessa espiral de insanidade, vemos a sua transformação de Harvey em Duas Caras – que provavelmente foi a inspiração de Nolan para o seu “Batman: Cavaleiro das Trevas“.
O Serial Killer misterioso, Feriado, é retratado com muita seriedade e sempre traz uma sensação de perigo iminente. A história é contada durante um ano, em que cada feriado é lido como um dia perigoso e nunca se sabe o que esperar. O resultado, a descoberta de quem é o tal inimigo da justiça, é surpreendente. Com certeza, um dos melhores finais possíveis para esse arco complexo e com diversos momentos críticos.
Além de observarmos o crescimento do Batman, o surgimento de mais um vilão, vários inimigos que não tinham grande participação em suas histórias surgiram, agora com mais sagacidade e de forma marcante. A cada momento, não temos certeza do que irá acontecer e embarcamos de cabeça nessa “aventura” com o vigilante noturno e seus companheiros até o fim.
Recentemente saiu a notícia de que irá estrear um longa animado desse arco, e até mesmo um trailer foi anunciado e exibido. Para quem não teve o prazer de degustar tais edições, vocês podem olhá-las AQUI e AQUI para decidir se querem ou não.