É impossível explicar a cultura da internet hoje em dia sem citar uma dezena de memes, não importa de onde eles venham — e se forem memes de, pelo menos, uma semana atrás, já vai parecer que você está falando de um outro mundo que não existe mais. Tão efêmeros quanto são divertidos, passou três dias e algumas marcas usando e já enterramos o meme com facilidade. Dito tudo isso, quando eu vi que a primeira coisa que Bang-On Balls: Chronicles me lembrava era um meme gringo de 2009 (Polandball, aquelas bolas com bandeiras de países e piadas ruins de geopolítica), eu não dei muita bola. Só mais um jogo de meme pra ganhar dinheiro, dez anos atrasado, certo? …Certo?
Felizmente, eu decidi ver o trailer do jogo e acompanhar um pouco das suas evoluções e dar uma chance pra ele. Ao invés de realmente levar o meme ao pé da letra, Bang-On Balls: Chronicles usa apenas a ideia de “bolas com bandeira dentro falando de relações históricas” para criar, provavelmente, o jogo de plataforma 3D mais bobo de todos os tempos.
E ele faz isso tão bem que eu nem percebi que passei mais de seis horas só apertando botões, rolando por aí e realmente me divertindo. Saindo do acesso antecipado esse mês e com muito mais conteúdo do que parece, ele é provavelmente uma das minhas maiores surpresas do ano.
Sua pequena “aventura” começa com o estagiário Bob, uma pequena bola customizável que chega a um grande estúdio de cinema disposto a se tornar o grande astro de seus filmes e desbancar o malvado dono/antigo astro/grande bola que domina o lugar. Essa proposta dá a Bang-On Balls a possibilidade de trazer muitos cenários diferentes entre si sem perder o fio da meada.
Em um “filme”, você pode estar lutando contra vikings, mas no outro você está escolhendo seu lado na corrida espacial, ou, ainda, entrando em um gigantesco pachinko em um Japão quebrado em suas eras por uma viagem no tempo que deu errado. Isso, claro, enquanto você está vestido com uma roupa nada a ver e usando um disco de vinil como escudo.
Mecanicamente, Bang-On Balls é um jogo de plataforma 3D com foco em exploração e combate, porém, de forma bem simplificada em ambas as partes. Primeiro, caso não tenha entendido até agora, você é uma bola — tudo que você sabe fazer é rolar e pular. Usar o gatilho do controle te permite dar uma explosão de velocidade, usada para andar pelos grandes mapas e, principalmente, atacar inimigos.
Parece um grande jogo de sinuca infinito, com você atirando sua bola em cima de todas as outras (sim, todos os outros personagens também são bolas) e desviando dos ataques delas quando preciso. Além disso, quase tudo nos cenários são destruíveis e dão algum tipo de benefício, então vale a pena só sair dando dash em cima de tudo que vê pela frente sem pensar muito, algo estranhamente divertido e relaxante.
Conforme você avança na pequena campanha de cada mundo derrotando chefes (ou desvia desse caminho para rolar por cima de outras coisas) é fácil se deparar com uma série de coletáveis: pontos azuis usados como moeda para desbloquear coisas, rolos de filme que servem para decorar o hub e, principalmente, MUITAS opções de personalização para sua pequena bolinha.
Tem tanta roupa, arma, escudo e até tatuagens pra encontrar que dificilmente dá pra passar dez minutos sem querer mudar o visual de Bob. Alguns desses itens até permitem ataques especiais, como um martelo do trovão (inspirado na lenda nórdica) que ajuda a paralisar inimigos e torna as batalhas mais interessantes.
A melhor metáfora que eu pude encontrar é imaginar um jogo de Lego, mas com movimentações mais dinâmicas, desafios de plataforma no lugar dos pequenos quebra-cabeças, e referências geopolíticas ao invés de uma franquia famosa. E falando assim, parece que Bang-On Balls: Chronicles é só mais um jogo de pular e coletar no qual você é uma bola… e bem, é isso, mas ele sabe muito bem o que quer fazer.
Ele não se leva a sério e quer que você faça o mesmo, te convidando a relaxar a cabeça e só sair rolando por cenários bizarros enquanto tudo explode a cada rolada. É uma proposta estúpida e idiota feita de uma forma especialmente boba que funciona muito, muito bem, principalmente na parte de ser estúpida, idiota e boba. Sinceramente, acho que era tudo que eu queria dele também.
Provavelmente ser tão parecido com um meme velho é a pior parte de Bang-On Balls: Chronicles e um tremendo desserviço a tudo que o time da Exit Plan colocou aqui. Ele não vai ser seu novo jogo favorito, ou o novo grande jogo de plataforma 3D que vai ficar pra história, nada disso — esses títulos ficam para as propostas sérias e as grandes aventuras de salvar o mundo. Aqui você vai desligar a cabeça, virar uma bola, rolar pelos sete mares e matar um kraken só na porrada. Tudo isso enquanto você veste uma roupa de batata frita e uma tatuagem de dragão oriental. E vai ser uma das mais idiotas e divertidas experiências que vai ter em 2023. É só deixar rolar que você vai ver o que estou falando.
Bang-On Balls: Chronicles lança amanhã para PC na Steam, para PS4 e PS5, para Xbox One e Xbox Series e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.