Baldur’s Gate 3 Baldur’s Gate 3

Baldur’s Gate 3 é uma anomalia?

Faltando apenas alguns dias para o lançamento oficial de um dos jogos de RPG mais aguardados dos últimos anos, Baldur’s Gate 3 tem gerado uma discursão sobre o fato dele ter um volume massivo de conteúdo, com a Larian Studios sendo comparada com empresas como a Rockstar Games, mesmo sendo uma desenvolvedora independente em ascensão.

Swen Vincke, diretor da Larian Studios, disse em uma entrevista ao IGN que o jogo leva em torno de 75 a 100 horas para uma jogatina completa da história principal, sem contar as missões secundárias e ramificações que o jogo disponibiliza. Isso somado ao fato de que o jogo promete ter 170 horas de cenas e diálogos cinematográficos, contando com um roteiro de aproximadamente 2.000.000 de palavras.

Essas informações têm gerado uma certa discussão sobre o fato de que Baldur’s Gate 3 (BG3) seria uma anomalia, não podendo ser tomado como base para futuros jogos de RPG, pois isso poderia levar estúdios de desenvolvimento à falência.

Tudo começou quando Xalavier Nelson Jr., um desenvolvedor de jogos independentes, fez uma série de postagens no Twitter afirmando que BG3 só é o que é por uma série de fatores que o favoreceram pra isso, e que está em desenvolvimento desde 2017, com a desenvolvedora responsável tendo dois grandes jogos anteriores, e o jogo ainda contou com 3 anos de acesso antecipado com o feedback dos fãs para incrementar o desenvolvimento, além de conter os direitos da marca Baldur’s Gate, que faz parte do universo de Dungeons and Dragons, uma das IPs mais fortes do mundo.

Com isso, outros desenvolvedores se manifestaram sobre o assunto, um deles foi nada menos que Chris Balser, o senior designer de Diablo IV, que concordou com Xalavier e disse que jogos como Baldur’s Gate 3, Elden Ring e The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom são pontos fora da curva e que não podem ser considerados um padrão.

Outros que concordaram com Xalavier foram Josh Sawyer, diretor de Game Design da Obsidian, que afirmou que as condições em que BG3 foi desenvolvido foram atípicas, e Rebecca Harwick, designer chefe de narrativa da BioWare, que disse que espera que BG3 seja o tipo de jogo lançado uma vez na vida.

Infelizmente, isso reflete o cenário atual de desenvolvimento de jogos, em que eles são lançados as pressas e inacabados, e ainda esperam que você compre vários pacotes de DLCs ou Passes de Temporadas. Nenhum gamer com o mínimo de noção espera que uma desenvolvedora pequena com menos de 50 pessoas consiga desenvolver um jogo como Baldur’s Gate 3, até porque a própria Larian Studios, quando começou o desenvolvimento de BG3, tinha apenas 70 empregados, mas logo teve que expandir, contando hoje com 700 colaboradores.

Empresas como BioWare, Obsidian e, principalmente, a Blizzard, possuem recursos e experiência para lançar jogos com qualidade, porém os desenvolvedores não têm o tempo necessário para criar algo realmente bom e inovador, pois estão sempre pressionados com prazos irreais e projeções de lucros.

Acredito que o medo desses desenvolvedores reside no fato de que essas grandes desenvolvedoras vivem à base de pressão e prazos irreais. O fato de a Larian Studios ter a chance de lançar um jogo do tamanho de BG3 está justamente na paixão dos desenvolvedores e no prazo realista concedido, tanto que o jogo vai ser lançado em datas diferentes para cada plataforma, respeitando o tempo de desenvolvimento de cada ecossistema.

Provavelmente Baldur’s Gate 3 vá ser um dos melhores jogos de RPGs já lançados, se unindo a outros tantos que vieram antes dele, mas isso não é motivo para que os consumidores não possam cobrar de desenvolvedoras grandes o mesmo nível de qualidade, tempo e dedicação.

E você, concorda comigo ou acha que eu devo morrer queimado pelas chamas de Mephistopheles?