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Back to Black tem abordagem superficial sobre Amy Winehouse

Sam Taylor-Johson dirige a cinebiografia, com Marisa Abela estrelando como Amy

Amy Winehouse foi uma cantora, compositora e multi-instrumentista britânica, conhecida por sua voz poderosa e estilo eclético, que incluía jazz, soul, R&B, entre outros gêneros, mas também ficou marcada pelos escândalos em vida. Com o lançamento de sua cinebiografia, tema uma tentativa frágil de reconstruir a vida da cantora até o infeliz dia em que nos deixou. No fim, faltou, e muito, tempero em Back to Black.

Marisa Abela, a atriz que interpreta Amy Winehouse, se esforça bastante para ser como a cantora – a voz, os trejeitos, tudo -, mas às vezes é esforço demais e não soa natural, nem bom, dando uma sensação de estranheza, desconectada da cena em que deveria dar um show. Mais para a parte em que mostra a sua “decadência”, Marisa e a diretora Sam Taylor-Johson parecem acertar mais. O resto do elenco está bom, mas é isso. Não tem nenhum ator ou atriz marcante, pois a história mesmo não permite. Esta que foi, assim como aconteceu em “Bohemian Rhapsody”, suavizada, talvez para ser mais palatável a um público sensível? Não sei.

Seu pai, Mitch (Eddie Marsan), é um homem bondoso no filme, apesar de irresponsável – ato basicamente mostrado em uma cena apenas, quando ele fica ao lado dela sobre não ir para a reabilitação. De resto, ele parece se preocupar, mas com aquele tom de “desisti de tentar” de algumas pessoas que amam pessoas doentes, aguardando uma realização pessoal e decidir pedir ajuda, que chega, e é como se Mitchell estivesse esperando por aquele momento a vida inteira, correndo com a filha atrás da reabilitação. A única coisa que sabemos desse período é que ela ficou em paz e compôs.

Assim como a situação com Blake (Jack O’Connell), que nem parece que foi ele que a levou até as drogas, havendo uma cena rápida que me pareceu o PROERD, dela dizendo pra ele não se drogar. No futuro, simplesmente insinua que ambos estão usando todo tipo de droga juntos, nada é muito claro dentro do filme, tudo em insinuações leves, como a bulimia dela, por exemplo. O único que fica claro é o álcool, porque, né, legalizado, e talvez achem que seja menos chocante. Blake era basicamente um “anjo”, e o relacionamento deles parecia muito mais bom do que ruim. Até mesmo as cenas em que aparece do nada ele todo arranhado com ela surtada, o que dá a entender é que aconteceu algo, mas foi tudo culpa dela. Como se ele não tivesse feito nada.

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Marisa Abela como Amy Winehouse. Divulgação: Focus Features.

As cenas do filme foram quase blocos separados, sem muita conexão. Parece que quiseram passar por muita coisa, mas sem passar de fato por coisas impactantes. As músicas não possuem muita função narrativa, exceto em cenas para mostrar o quão poderosa era Amy no palco – que às vezes funcionou, às vezes não.

Os amigos de Amy somem durante o filme, a mãe dela some da narrativa, e “Back to Black” se torna uma coisa meio repetitiva. Nós nunca vemos Amy realmente bem, a sua ascensão de verdade, tudo isso é pouco dentro da história, que parece focar mais em seu desejo de ser mãe (chega uma hora que fica cansativo), seu amor doentio por Blake, mas sem passar por partes importantes, como o motivo pelo qual ela era tão única no mercado musical.

Apesar de tudo, o filme é bem passável, e dá para assistir de boas. Ele não aprofunda em nada a vida dela, suaviza demais, mas pode servir de ponte para que mais pessoas venham a conhecer a incrível e trágica trajetória de Amy Winehouse, consumindo mais da sua genialidade musical. No entanto, o documentário “Amy”, dirigido por Asif Kapadia e vencedor do Oscar de 2016, pode ser uma opção mais enriquecedora.