Não foi dessa vez que as adaptações de games para o cinema ganharam um representante acima da média. Apesar de esforçado, Assassin’s Creed não consegue atingir todo o seu potencial. Esbarrando em problemas sérios de roteiro, o longa mais parece um apanhado dos erros e acertos apresentados pela franquia da Ubisoft.
Falta o elemento que justifica sua existência, além de uma tentativa escrachada de emplacar uma nova franquia nas telonas. O diretor Justin Kurzel consegue extrair os melhores momentos de seu filme durante as cenas de ação, marca registrada dos games. Fazendo bom uso de computação gráfica e ótimas coreografias de luta, Assassin’s Creed honra o histórico de seus companheiros eletrônicos
Outro ponto de destaque é a ambientação histórica, mais uma característica marcante dos jogos. Com o passado ambientado durante a Inquisição Espanhola, o longa se diverte ao misturar fatos históricos e ficção. De fato, os melhores momentos do filme ocorrem nessa linha temporal.
Mas as poucas qualidades se perdem diante da superficialidade do roteiro, que em nenhum momento se permite inovar. São repetições excessivas de informações, núcleos e personagens secundários desinteressantes, além de uma trama principal bastante insossa.
Apesar de apresentar um novo personagem, Aguilar de Nerha, o longa prefere não fugir da zona de conforto construída por todos os jogos da franquia. Claro que elementos como o Animus e a Abstergo são indispensáveis, ainda assim a história contada parece bastante preguiçosa.
Óbvio que é impossível exigir que o filme de Assassin’s Creed apresente toda a complexidade de uma história explorada ao longo de dezenas de jogos e adaptações para outras mídias, como os livros. Mas um passo tão importante quanto esse deveria ter sido melhor trabalhado. Esse parece ser o calcanhar de Aquiles das adaptações de games: a trama.
O pior é que a ausência de qualidade do roteiro influencia diretamente no desempenho do trio de protagonistas: Michael Fassbender (que também acumulou a função de produtor), Marion Cotillard e Jeremy Irons. Com um desenvolvimento defeituoso e motivações baratas, não existe carisma que sobreviva.
Assassin’s Creed entrega ótimas cenas de ação, mas não consegue ir além disso. Pode entreter quem busca uma diversão descompromissada, mas afastar aqueles que gostam de algo mais elaborado. Seguimos na espera do salvador das adaptações de games para o cinema.