O texto a seguir contém SPOILERS de Arrow
É possível que uma série retorne do fundo do poço após uma sequência de temporadas ruins? Sabemos que a resposta para essa pergunta é positiva, não faltam exemplos por aí. Mas o que aconteceu nesse quinto de Arrow é algo realmente digno de nota, que o coloca em uma lista seleta de ressurreições da cultura pop. Finalmente os fantasmas do Arqueiro Verde foram derrotados.
Ao longo dos 23 episódios, a nova temporada de Arrow não deixou a peteca cair. Apesar de sofrer com o peso da exagerada quantidade de capítulos da TV aberta, a série conseguiu se sobressair diante dos desafios. Não apenas na questão narrativa, extremamente melhor que nos dois últimos anos, mas também na construção de seus personagens. A essência da primeira temporada finalmente foi captada e trabalhada aqui. Um feito que parecia impossível depois das últimas experiências.
Oliver Queen (Stephen Amell) já é experiente na tal jornada do herói, mas ainda não havia concluído sua evolução. Faltava o aspecto da redenção, de compreender que não é preciso carregar os pecados do mundo consigo. Uma liberdade que foi conquistada graças ao brilhante trabalho do vilão Adrian Chase (Josh Segarra). Afinal, nada é de graça nessa vida. Em batalhas muito mais intimistas do que megalomaníacas, os dois deram o tom dessa quinta temporada. Colocando Chase um degrau abaixo de Slade Wilson na lista de melhores antagonistas de toda a série.
A decisão de abandonar o eterno plot de “destruição da cidade” foi um movimento inteligente, garantido assim um respiro para a série. Claro que Star City sofreu, mas funciona bem mais como uma personagem do que apenas como um bloco de destruição. E ver Oliver como o guardião em duas frentes distintas, afinal agora ele é o prefeito, conferiu situações bastante interessantes ao longo dos episódios. O aspecto familiar também é um tema bastante recorrente aqui, garantido bons momentos em todos os núcleos da trama.
Até os famigerados flashbacks funcionam dessa vez, prova maior de que a maré estava boa. Muito graças ao núcleo da Bratva, a máfia russa, e que era o último ponto da jornada de Oliver antes de retornar para casa. Aliás, é algo catártico a forma como o ciclo se completa. Ao longo do último episódio, acompanhamos o Oliver do passado fugindo de Lian Yu – da forma como a série começou – e sua versão do presente retornando para o Purgatório para a missão mais pessoal e trágica que já enfrentou. E claro que uma temporada tão boa precisava de um season finale digno.
Lian Yu surge como o melhor episódio de Arrow em todos os aspectos possíveis. Um encerramento explosivo para uma temporada cercada de tensão. Tudo funciona aqui, das cenas de luta ao roteiro. Trazendo alguns dos melhores personagens da temporada passada, os roteiristas se divertiram com as possibilidades. Slade Wilson (Manu Bennett), Nyssa (Katrina Law) e Merlyn (John Barrowman) lutaram ao lado de Oliver para que ele pudesse salvar o dia novamente.
E como é delicioso poder matar a saudade da interação entre Slade e Oliver, ainda que por alguns momentos. O – provável – sacrifício de Merlyn para salvar Thea (Willa Holland) foi inesperado, mas corroborou que tipo de personagem ele havia se tornado. A decisão de apostar num cliffhanger tão grandioso foi ousada, mas abre opções interessantes para o futuro. Será que o Arqueiro Verde perdeu toda a sua equipe, além do seu grande amor? Ou eles conseguiram escapar? Serão longos meses de espera.
Essa quinta temporada é a prova definitiva do quanto Arrow, apesar das limitações, pode ser uma série de qualidade. E lembra da importância e peso que o programa possui, já que abriu as portas dessa nova geração de séries baseadas em HQ’s, sejam elas do The CW ou de qualquer outro canal (ou serviço de streaming). Que o próxima temporada seja tão boa ou quem sabe melhor. O Arqueiro Verde ainda não está pronto para aposentar as flechas. E sabe como dizem, o verde é a cor da esperança.