The Last Dance é o título original da minissérie documental da ESPN Films e distribuida pela Netflix que remonta o período onde Michael Jordan e Chicago Bulls se encontram e constroem uma lendária história de sucesso.
Para variar, vou preferir o título original. Primeiro pelo motivo. O técnico Phil Jackson sempre dava um título para a campanha no início da temporada. “A Última Dança” foi justamente o tema da última campanha de 1998, anunciada como a última de um time fantástico que, até então, já tinha 5 títulos da NBA nas últimas 6 temporadas. Sim, eles ainda ganhariam mais uma, é claro!
Tirando a não tão boa tradução do título par ao português, a série é praticamente impecável na escolha de narrativas e personagens para remontar um grande quebra-cabeça sobre um sucesso histórico. Sob a direção do competente Jason Hehir com toda a experiência de episódios para a série “30 por 30” e outros episódios da ESPN Films, The Last Dance consegue um excelente resultado contando uma história que, em tese, o mundo todo já sabe. O sucesso do Chicago Bulls e sua importância para a internacionalização da NBA nos anos 90 é algo inegável. É história pura!
Recontar algo que todos já sabem de uma maneira diferente é o grande mérito da minissérie. Lógico, há um protagonismo do Michael Jordan entre os personagens entrevistados. Entre eles estão Scottie Pippen, Horace Grant, Phil Jackson, Steve Kerr, Denis Rodman, além de jornalistas, cronistas esportivos e personagens que coadjuvaram nestas temporadas de NBA. Suas visões, por vezes opostas, cooperam para o outro ponto positivo da produção: encontrar conflitos verdadeiros e não tão explorados pela mídia da época.
E qual seria o grande conflito de uma equipe que ganhou 6 títulos da NBA? Justamente esse: se manter motivado a continuar vencendo. Montar um time campeão que continue rendendo bem com o passar das temporadas. Lutar contra as cobranças internas e externas. The Last Dance é muito competente em encontrar esses conflitos. O principal deles é a posição do Chicago Bulls e Jerry Kruze, diretor executivo do time, de desmontar o Bulls campeão depois de 5 títulos conquistados. Algo que ia contra a torcida, a imprensa esportiva e até os próprios jogadores.
Outro ponto interessante a se destacar é que The Last Dance não fica no lugar comum da cronologia documental. Seu roteiros e montagem encontram pontos de conexão entre as histórias do passado, antes da temporada de 1998, a temporada de 1998 e o contemporâneo do “hoje”, 2019, ano de produção da minissérie e da gravação da maior parte das entrevistas.
Esse ping-pong temporal ajuda a dar ritmo, intercalara temáticas complementares como a a morte do pai de Jordan, a excentricidade de Rodman e os conflitos psicológicos/financeiros de Pippen. Algo que deixa os 10 episódios de 50 minutos dignos de maratona, em dois ou três dias você se vê transportado para um dos momentos mais importantes da história do basquete americano e da popularização de um time que nunca mais alcançou tal feito, pelo menos até os dias atuais. Para os nascidos em 1985 como eu, Arremesso Final é uma viagem a infância e a descoberta deste esporte por conta de um time chamado Bulls.