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Arcane

Antes de tudo, gostaria de dizer que NÃO jogo League of Legends e não sei coisa alguma sobre a história deste, de seus personagens ou afins, apenas assisti à série animada Arcane, lançada recentemente pela Netflix.

Sinopse: Duas irmãs. Duas cidades. Uma descoberta que mudará o mundo para sempre. Nas cidades de Piltover e Zaun, a tensão aumenta à medida que inventores, arruaceiros, políticos e senhores do crime ficam cada vez mais fartos das restrições de uma sociedade devastada.

A narrativa já começa de uma maneira intrigante: uma óbvia batalha aconteceu e as irmãs Vi e Powder perderam tudo. Logo mais, sabemos que há uma intriga política relacionada às diferenças entre os que vivem no chamado Ladoalto, a cidade de Piltover, e os que vivem embaixo, numa comunidade chamada de Zaun pelos moradores. Teoricamente, são a mesma cidade, a realidade, mostrada quando as irmãs e dois amigos, Claggor e Mylo, é outra. Pelos olhos dos jovens, vemos um local bonito, rico, do qual não têm pena de roubar – afinal, no lugar de onde vem, nada daquilo existe e, até onde sabem, jamais irá. A ironia é que Piltover é conhecida por ser a cidade do progresso, cujo foco é a inovação tecnológica, sendo o berço de várias melhorias ao redor daquele universo – ou assim dá a entender. Entretanto, essa mesma cidade reconhece Zaun como uma extensão sua, mas sem nunca dar a mínima importância, exceto quando precisam procurar por ladrões e assassinos. E, por isso, há uma briga interna em ambos locais – onde os de cima querem manter seu poder intacto sobre os de baixo, enquanto a população periférica e pobre quer se libertar das amarras deles, buscando independência que, pelo andar da carruagem, jamais irá chegar.

Os criadores de Arcane resolveram não perder tempo sendo expositivos, e fazem com que as engrenagens da história girem a partir do primeiro episódio, apostando no desenvolvimento de personagem concomitante com a da narrativa principal, que segue por dois caminhos que, no futuro, irão esbarrar uma da outra, como um acidente de trem e de forma inevitável. Primeiro, a das irmãs Vi e Powder, no qual esta última causa um acidente na excursão da equipe logo no primeiro episódio, fazendo com que um cristal – com propriedades até então desconhecidas – exploda metade de um prédio, cujos donos são da nobreza, uma casa poderosa e importante que faz parte do conselho que rege Piltover. Do outro lado, Jayce e Viktor, parceiros cientistas que moram no Ladoalto e vão descobrir como utilizar esses cristais para a evolução da sociedade. Em eventos que parecem pequenos, a narrativa anda de forma excepcional, mostrando as rachaduras que havia, por exemplo, na cidade de Zaun, que tentava apenas sobreviver e acaba tragada com intrigas políticas dentro e fora, e causando vários eventos que serão importantes ao longo dos outros capítulos dessa jornada, que se expande de forma orgânica e envolvente.

No que podemos chamar de “segundo ato” da série animada, Arcane nos mostra anos após certos eventos centrais envolvendo as irmãs e os cientistas, e que, enquanto estes separam Vi e Powder, unem Viktor e Jayce em suas descobertas, tornando este segundo importante na cidade de Piltover, como sendo o único responsável pelo desenvolvimento do chamado hextec, uma tecnologia que mistura ciência e magia, facilitando a viagem entre cidades ao apresentar uma espécie de teletransporte. E assim como Jayce é visto como o único responsável pelos acontecimentos evolutivos em Piltover, Jinx se torna a causadora de diversos eventos importantes no seu lado das cidades, tendo sido adotada por Silco, o novo chefão do submundo, que foi apresentado como alguém cruel, um vilão, mas que, nessa segunda parte da história, é exposta a sua complexidade como personagem e tirando a ideia de que todo mundo nessas narrativas ou são heróis ou vilões.

E assim, a trama de Arcane vai nos envolvendo cada vez mais, trazendo à tona temas sensíveis e complexos, no qual mescla 3D com texturas e cores de 2D – fruto do trabalho do estúdio de animação Fortiche -, trabalhando com o visual e os diálogos para nos mostrar cada aspecto importante da construção e do amadurecimento tanto da história quanto dos personagens de forma orgânica. Eu, particularmente, terminei a série interessada em saber mais sobre todos(as) eles(as), e muito feliz que foi renovada para a segunda temporada – pois cada episódio termina com um cliffranger que te faz ficar na ponta da cadeira, esperando pelo próximo e curioso(a) sobre o que irá acontecer.