Após quase uma década longe dos cinemas, o diretor australiano Sean Byrne, conhecido por The Loved Ones e The Devil’s Candy, retorna com Animais Perigosos (Dangerous Animals, 2025), exibido em Cannes e rapidamente apontado como um dos thrillers mais comentados do ano. A produção mistura o cinema de tubarão assassino, popularizado por Tubarão (1975), com o gênero de serial killer, criando um híbrido ousado que busca entregar tensão, brutalidade e espetáculo visual. Leia a nossa crítica:
Uma trama de sobrevivência em mar aberto
A história acompanha Zephyr (Hassie Harrison), uma surfista nômade que leva uma vida solitária e sem amarras. Após um breve envolvimento com Moses (Josh Heuston), ela acaba atraída para a armadilha mortal de Tucker (Jai Courtney), guia de mergulho em Queensland que esconde um segredo sinistro: além de conduzir turistas em expedições para observar tubarões, ele é um assassino em série que sacrifica suas vítimas às criaturas marinhas.

O confronto entre Zephyr e Tucker é o motor da narrativa. Enquanto a protagonista luta para sobreviver em um cenário hostil e limitado — um barco isolado cercado por águas infestadas —, o vilão mostra prazer em manipular, torturar e transformar cada ataque em um espetáculo macabro.
Vilão de Dangerous Animals: Jai Courtney em seu melhor momento
Grande parte da força de Animais Perigosos está na atuação de Jai Courtney. Conhecido por papéis em Esquadrão Suicida e na série Caleidoscópio, o ator encontra aqui um de seus personagens mais marcantes. Tucker é ao mesmo tempo carismático e repulsivo: seduz turistas com seu charme superficial, mas logo revela um sadismo perturbador. Byrne e o roteirista Nick Lepard evitam explicações excessivas sobre suas motivações, o que o torna ainda mais enigmático.
Courtney domina a tela em momentos que vão do humor mórbido a acessos de violência brutal, consolidando Tucker como um vilão memorável dentro do gênero.

A construção da “final girl” de Animais Perigosos
Se o antagonista é magnético, a resistência de Zephyr é o contraponto essencial. Interpretada com fisicalidade e intensidade por Hassie Harrison, a personagem vai além da clássica definição de “final girl”. Sua trajetória envolve traumas, escolhas difíceis e uma determinação que a transforma em peça central do suspense. A química com Josh Heuston, embora secundária, adiciona nuances à trama e serve de motivação para a luta pela sobrevivência.
Direção precisa de Sean Byrne é diferencial no filme
O que diferencia Animais Perigosos de outros filmes de tubarão é a direção precisa de Sean Byrne. O cineasta evita clichês como sustos fáceis e cortes excessivos, preferindo um ritmo controlado que mantém a tensão crescente. As sequências subaquáticas são destaque: os tubarões foram filmados em grande parte de forma realista, com espécies variadas — entre elas tubarões-tigre e tubarões-mako —, o que confere autenticidade rara ao gênero.
A trilha sonora de Michael Yezerski contribui para intensificar o clima, oscilando entre momentos de silêncio sufocante e explosões sonoras que acompanham os embates físicos entre perseguidor e vítima.
Crítica: vale à pena assistir Animais Perigosos (Dangerous Animals, 2025)?
Animais Perigosos (Dangerous Animals, 2025) é um thriller de sobrevivência que aposta na fusão de gêneros e na força de suas atuações. Apesar de algumas convenções narrativas previsíveis e um terceiro ato que se estende mais do que deveria, o filme marca o retorno vigoroso de Sean Byrne e consolida Jai Courtney como um dos grandes vilões recentes do cinema.
Para fãs de filmes de tubarão, thrillers claustrofóbicos e narrativas de resistência, Animais Perigosos oferece uma experiência intensa e memorável.