Pelicano e seu amigo humano em Amigos Para Sempre (Storm Boy, 2019) - Crítica, fatos e curiosidades Pelicano e seu amigo humano em Amigos Para Sempre (Storm Boy, 2019) - Crítica, fatos e curiosidades

Amigos Para Sempre (2019) | Crítica do Filme | Prime Video

O filme Amigos Para Sempre (Storm Boy, 2019), dirigido por Shawn Seet e estrelado por Geoffrey Rush, revisita o clássico conto australiano de Colin Thiele publicado em 1964. A história já havia ganhado uma adaptação em 1976 e segue como um dos títulos mais conhecidos da literatura juvenil do país. A versão de 2019 busca apresentar a trama a uma nova geração, mas suas escolhas narrativas acabam dividindo a experiência. Confira a crítica do filme disponível no Prime Video.

A trama de Amigos Para Sempre

No centro da narrativa está o jovem Mike Kingley, interpretado por Finn Little. Ele vive com o pai, Hideaway Tom (Jai Courtney), em uma área isolada do litoral da Austrália do Sul. O cotidiano dos dois se transforma quando Mike encontra três filhotes de pelicano que perderam a mãe para caçadores. Com ajuda do aborígine Fingerbone Bill (Trevor Jamison), o menino decide criar os animais, desenvolvendo um vínculo com um deles, que se recusa a partir quando chega a hora de retornar à natureza.

Esses momentos formam o coração do filme. A relação do garoto com os pelicanos acompanha seu próprio processo de amadurecimento e rende algumas das sequências mais envolventes da produção. A estrutura se apoia na clássica dinâmica “um menino e seu companheiro”, usada inúmeras vezes no cinema e ainda eficaz por sua simplicidade emocional. A fotografia, com amplos planos do litoral sul-australiano, reforça essa atmosfera com naturalidade.

O maior desafio do remake está na tentativa de atualizar a história com uma segunda linha narrativa. Para dar protagonismo a Geoffrey Rush, o longa introduz um Mike Kingley adulto, agora um executivo prestes a votar sobre um acordo de mineração. Pressionado pela neta Madeline (Morgana Davies), que teme o impacto ambiental da decisão, ele passa a relembrar sua infância e conta a ela sua história com os pelicanos.

Essa estrutura paralela, no entanto, não cria impacto dramático suficiente para justificar sua presença. A narrativa contemporânea não dialoga de forma orgânica com os eventos do passado, funcionando mais como interrupção do que complemento. A relação entre a memória afetiva e o dilema corporativo permanece rasa, sem gerar reflexões que ampliem o significado da jornada do protagonista. Assim, o filme perde ritmo e afasta o espectador da linha temporal que realmente sustenta a emoção da obra.

Pelicano e seu amigo humano em Amigos Para Sempre (Storm Boy, 2019) - Crítica, fatos e curiosidades

Crítica: vale à pena assistir Storm Boy no Prime Video?

Ainda que Amigos Para Sempre mantenha vivo o apelo da história original e ofereça imagens marcantes do litoral australiano, sua tentativa de modernização reduz a força do conjunto. Para quem conhece o conto ou para novos espectadores, o filme segue como um drama familiar de sensibilidade reconhecível, mas que poderia ser mais eficaz se mantivesse o foco exclusivamente na relação entre o menino e os pelicanos.