A Netflix lançou aka Charlie Sheen, documentário em duas partes que mergulha na vida do ator de Hollywood, conhecido tanto por seus sucessos no cinema e na TV quanto por seus escândalos pessoais. Dirigida por Andrew Renzi, a produção combina entrevistas inéditas, imagens de arquivo e trechos de filmes para reconstruir a trajetória de Sheen, da juventude em Malibu até a luta pela sobriedade.
A juventude e o início em Hollywood
O documentário inicia com a infância de Charlie Sheen, nascido Carlos Estevez, e sua convivência em sets de filmagem ao lado do pai, Martin Sheen. Já adolescente, produzia curtas em Super 8 com o irmão Emilio Estevez e amigos como Sean Penn, mostrando desde cedo interesse pelo cinema.
O primeiro grande passo veio nos anos 80, com papéis de destaque em Curtindo a Vida Adoidado, Platoon e Wall Street. Aos 25 anos, Sheen já era um nome consolidado em Hollywood, mas também começava a desenvolver uma reputação de festeiro, com idas frequentes à reabilitação e polêmicas envolvendo drogas e álcool.

aka Charlie Sheen: fama, vícios e escândalos
A produção divide a vida do ator em fases descritas por ele mesmo: “Festas, Festas com Problemas e Apenas Problemas”. O período de excessos se intensificou nos anos 90, marcado pelo envolvimento com a “Madame de Hollywood” Heidi Fleiss, por overdoses e recaídas.
O documentário não se esquiva desses episódios. O próprio Sheen assume a responsabilidade por suas escolhas, evitando culpabilizar terceiros. Depoimentos de amigos próximos e figuras de sua vida pessoal, como o irmão Ramón Estevez e o colega Jon Cryer, ajudam a contextualizar esses momentos turbulentos.
Um dos trechos mais inusitados é a entrevista com Marco, traficante de longa data do ator. Ele aparece diante de um prêmio de Two and a Half Men que Sheen lhe deu, descrevendo cenas de consumo intenso de crack. Esse tipo de material confere à obra uma franqueza rara entre documentários sobre celebridades.
O auge e a queda em Two and a Half Men
A segunda parte de aka Charlie Sheen foca no período de maior visibilidade televisiva do ator. Após substituir Michael J. Fox em Spin City e conquistar um Globo de Ouro, Sheen alcançou o estrelato com Two and a Half Men, série que o transformou no ator mais bem pago da TV, recebendo até US$ 2 milhões por episódio.
Mas o sucesso coincidiu com novos colapsos pessoais. Casamentos com Denise Richards e Brooke Mueller desmoronaram em meio a acusações de abuso e dependência química. A relação conflituosa com o criador da série, Chuck Lorre, resultou em sua demissão em 2011, seguida por aparições públicas caóticas e a famosa turnê “My Violent Torpedo of Truth”, onde bordões como “Winning” e “Tiger Blood” se tornaram virais.
Honestidade brutal e reconstrução de um astro
O mérito do documentário está na forma como Sheen encara seu passado. Sincero e direto, ele reconhece os danos que causou a si mesmo e às pessoas próximas. Denise Richards, por exemplo, emociona-se ao relatar o impacto do vício no casamento, reforçando o tom crítico da narrativa.
Há ainda momentos em que Sheen aborda questões antes omitidas, como experiências sexuais durante a fase mais pesada de dependência. Esses trechos não são tratados de maneira sensacionalista pelo diretor, mas integrados ao retrato de um artista que tenta reavaliar a própria trajetória.
A vida após o caos
Hoje com 60 anos e sóbrio há oito, Charlie Sheen busca reconstruir sua imagem e carreira. O documentário acompanha essa fase mais estável, marcada também pelo lançamento de suas memórias, The Book of Sheen: A Memoir.
Ainda que a longa duração — pouco mais de três horas — possa soar excessiva, aka Charlie Sheen consegue equilibrar drama pessoal e carreira artística, mostrando como o ator transitou entre premiações, polêmicas e recaídas. Ao final, a sensação é de assistir não apenas à história de um astro de Hollywood, mas a um relato sobre sobrevivência diante do vício.
Crítica: aka Charlie Sheen é um documentário autêntico na Netflix?
aka Charlie Sheen é um retrato cru e abrangente de uma vida marcada por extremos. O documentário em duas partes da Netflix revela tanto o talento que levou Charlie Sheen ao auge de Hollywood quanto os excessos que quase destruíram sua carreira. Com depoimentos francos, imagens raras e a própria voz do ator conduzindo a narrativa, o resultado é uma reflexão sobre fama, autodestruição e, sobretudo, sobre a possibilidade de recomeçar.