Fatos e curiosidades de Adolescência (2025), série da Netflix com temas pesados e vencedora do Emmy Fatos e curiosidades de Adolescência (2025), série da Netflix com temas pesados e vencedora do Emmy

Adolescência (2025) | Crítica da Série | Netflix

A Netflix consolidou-se como produtora de minisséries que abordam dilemas sociais com intensidade dramática. Adolescência (Adolescence, 2025), criada por Jack Thorne em parceria com Stephen Graham, é um dos maiores exemplos desse movimento. A produção britânica em quatro episódios venceu o Emmy e provocou debates intensos ao retratar o caso de Jamie Miller, um garoto de 13 anos acusado do assassinato de uma colega de escola. Leia a nossa crítica da série.

Crime e suas consequências: a cinematografia de Adolescência

A narrativa começa com a prisão de Jamie, interpretado pelo estreante Owen Cooper, em uma cena impactante que expõe o choque da família diante da acusação. A série não se limita ao crime em si, mas amplia o olhar para os efeitos da prisão ao longo de 13 meses. Cada episódio é filmado em uma única tomada contínua, opção técnica que mantém a tensão em tempo real e coloca o espectador diante da crueza das situações sem possibilidade de fuga.

Mais do que a investigação, o roteiro foca nos efeitos colaterais da acusação: a reação da família, o peso da opinião pública, a falência de instituições educacionais e o impacto da cultura digital sobre jovens em formação.

Masculinidade em debate na série da Netflix

Um dos aspectos centrais de Adolescência é a reflexão sobre masculinidade. A série mostra como normas sociais e influências digitais, especialmente ligadas à chamada “manosfera”, moldam a visão de mundo de meninos e adolescentes. Referências a figuras como Andrew Tate e a disseminação de discursos misóginos nas redes sociais aparecem como parte de um cenário em que vulnerabilidade é vista como fraqueza e violência se torna válvula de escape.

A construção de Jamie como personagem é um reflexo desse contexto. Entre inseguranças, desejo de aceitação e medo de rejeição, o garoto oscila entre fragilidade e agressividade. O terceiro episódio, focado no diálogo entre ele e a psicóloga forense Briony Ariston (Erin Doherty), sintetiza esse conflito. A interação expõe contradições internas e revela como uma mentalidade violenta pode se consolidar em alguém tão jovem.

Elenco de Adolescência: atuações e impacto emocional

O elenco é um dos pontos altos da minissérie. Stephen Graham interpreta Eddie, pai de Jamie, em uma performance marcada por desespero, vergonha e amor. Christine Tremarco dá vida à mãe, Manda, que enfrenta a dor de conciliar afeto e incredulidade. Cooper, em sua estreia, entrega uma atuação complexa, capaz de transitar entre a inocência infantil e o embrião de uma masculinidade distorcida. Já Erin Doherty se destaca como a psicóloga que tenta decifrar Jamie, em um episódio que já é considerado um dos melhores da televisão recente.

Adolescência (2025) - crítica da polêmica série da Netflix
Créditos da imagem: Netflix

As escolhas de câmera reforçam o impacto emocional. Sem cortes, a narrativa obriga o espectador a encarar o desconforto de cada situação: a revista policial no garoto, a reação da família diante das provas, a solidão dos pais diante da impossibilidade de compreender o que levou o filho a cometer tamanha violência.

O peso da responsabilidade

Adolescência não busca respostas fáceis. A série se recusa a reduzir a tragédia a um culpado único, expondo como fatores sociais, culturais e familiares se entrelaçam. O sistema educacional falido, o distanciamento emocional entre pais e filhos e a influência das redes sociais aparecem como elementos que constroem um ambiente propício para o desfecho trágico.

O episódio final mostra a família tentando seguir com a vida, enquanto Jamie, pela primeira vez, admite culpa parcial pelo crime. A narrativa não se posiciona sobre se justiça foi feita, mas deixa claro que a responsabilização de um adolescente por um ato tão violento não pode ser dissociada das estruturas sociais que o moldaram.

Crítica: vale à pena assistir a série Adolescência na Netflix?

Com direção precisa, atuações intensas e uma linguagem visual imersiva, Adolescência (Adolescence, 2025) vai além do drama policial para se tornar uma reflexão sobre masculinidade, violência e responsabilidade coletiva. Vencedora do Emmy, a minissérie da Netflix se firma como uma das produções mais relevantes do ano ao expor as fragilidades de um sistema que, em vez de proteger, muitas vezes alimenta o ciclo da violência. Assista a série aqui.