Eu sei que jogos são a mídia perfeita para contar histórias épicas, mas eu sou o primeiro a defender que eles também são ótimos para pequenos contos intimistas. Enquanto jogos de plataforma 3D ou títulos mais narrativos geralmente são a forma com que eles se apresentam, sempre é legal ver coisas diferentes como A Tiny Sticker Tale, novo lançamento da mexicana Ogre Pixel. Ao invés de piruletas ou lágrimas de emoção, ele te convida a explorar uma ilha onde tudo — tudo mesmo — pode virar o sticker que você precisa para resolver um quebra-cabeça.
Nós seguimos os passos do burrico Flynn, que está seguindo cartas de seu pai até chegar nessa estranha ilha, onde todos parecem conhecê-lo. Logo você percebe que o seu presente paterno, um livro de adesivos, tem poderes especiais por ali: tu, literalmente, pode pegar objetos do cenário, puxá-los do mundo real e eles virarão stickers! Eles podem ser colados de volta no mapa em outro lugar, voltando à realidade, ou guardados no livro para serem usados em outras partes da ilha.
Essa mecânica de transformar em adesivo e colocar em outro lugar é o núcleo mecânico de A Tiny Sticker Tale. Nenhum puzzle é extremamente difícil e vários são extras e não avançam na pequena história principal, mas ainda é bem divertido e inteligente resolver a maioria deles. Vários são uma questão de achar o adesivo certo e levar para o lugar certo, enquanto outros envolvem mais exploração ou, até, como pequenos minigames — eu não estava esperando jogar tênis com adesivos, por exemplo.
Alguns adesivos que você encontra acabam virando “ferramentas”, que são usadas para andar pelo mundo e passar por obstáculos, como uma ponte ou uma bomba, por exemplo. Na verdade, toda interação que você vai ter com esse mundo é colando ou descolando stickers, o que é bem incrível, pra falar a verdade. Eu esperava que fosse um dos elementos do jogo, talvez o mais focado nos puzzles, enquanto o resto seria mais convencional. Felizmente, eles tinham uma ideia e sabiam muito bem o que queriam dela.
O título de A Tiny Sticker Tale sugere uma “pequena história” e, realmente, não mente. Se você não travar muito em algum quebra-cabeça, vai chegar ao final da trajetória de Flynn em duas horas, não muito mais do que isso. Ela é bem mais rasa do que eu esperava, até mesmo na caracterização de personagens, sendo realmente só um plano de fundo para explorar a ilha e encontrar mais adesivos. Se o elemento que mais te agrada em jogos como A Short Hike são os diálogos, aqui esse não é o forte.
Visualmente, ele não é extremamente incrível, mas funciona muito bem pra proposta, lembrando quase um scrapbook, aqueles cadernos que eram estilizados com colagens de diversas coisas. Acho que a coisa que mais me incomodou foi a dificuldade de perceber quais objetos podiam ser transformados (e quais eram apenas plano de fundo). É o tipo de coisa que poderia ser indicada de forma mais visual e que acaba adicionando uma pitada de frustração a cada tentativa-e-erro.
Pra quem sempre quis um jogo com foco em puzzles com adesivos (depois que um certo bigodudo falhou feio nisso), A Tiny Sticker Tale é realmente uma ótima execução do conceito! O fato deles realmente terem abraçado a ideia e feito todas as interações no jogo usando os stickers me surpreendeu. Não sei se ele é curto porque era tudo que tinham de ideias, ou se olharam pro conceito e pensaram “vai que cola” — porque eu realmente estou a fim de jogar mais puzzles. A história não é nada demais, e o visual não impressiona por si só, mas ele é uma fofa aventura sobre um burrico numa ilha mágica que vale a pena dar uma olhada. Ou melhor, uma colada?
A Tiny Sticker Tale está disponível para PC na Steam e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.