A Netflix lança em 2025 a comédia romântica A Paris Errada (The Wrong Paris), dirigida por Janeen Damian e escrita por Nicole Henrich. O longa parte de uma premissa curiosa: e se uma jovem entrasse em um reality show pelos motivos errados, mas acabasse encontrando o amor de forma inesperada? A produção mistura elementos de sátira televisiva com convenções clássicas do gênero romântico, explorando tanto o universo dos programas de namoro quanto a busca pessoal por sonhos e identidade.
Enredo de A Paris Errada
A trama acompanha Dawn (Miranda Cosgrove), uma aspirante a artista que passou boa parte da vida cuidando da família. Ao ser aceita em uma prestigiada escola de arte em Paris, França, ela se vê sem condições financeiras para realizar o sonho. É então que sua irmã (Emilija Baranac) sugere uma alternativa inusitada: participar do reality show de namoro “Honey Pot”, cujo prêmio poderia financiar os estudos.
O problema é que a produção não acontece na Europa, mas em Paris, Texas. Inicialmente decepcionada, Dawn planeja ser eliminada rapidamente. No entanto, tudo muda quando ela descobre que o protagonista da atração é Trey McAllen (Pierson Fodé), justamente o homem que conheceu casualmente em um bar dias antes das gravações, sem saber que ele era o “prêmio” do programa. A química imediata entre os dois cria um dilema para Dawn, que precisa conciliar seus sentimentos com o motivo financeiro que a levou até ali.

Realidade e romance lado a lado
O filme adota um formato híbrido, alternando cenas da narrativa tradicional com momentos que simulam depoimentos típicos de reality shows. Essa estratégia funciona como alívio cômico e também como comentário sobre a superficialidade de atrações televisivas baseadas em arquétipos de participantes.
“Honey Pot” é retratado como um programa que privilegia competidores caricatos, mais preocupados em ganhar visibilidade como influenciadores do que em estabelecer conexões reais. Nesse cenário, Dawn e Trey se destacam justamente por parecerem mais autênticos, o que reforça a crítica ao vazio cultural desse tipo de produção.
Elenco e performances
Miranda Cosgrove assume o papel principal após anos de carreira marcada por personagens na televisão, incluindo iCarly. Sua atuação dá à protagonista uma combinação de fragilidade e determinação. Pierson Fodé, conhecido de produções como The Bold and the Beautiful, interpreta Trey como um galã que foge do estereótipo perfeito, mas ainda carrega o charme necessário para sustentar a química do casal.
O elenco de apoio inclui Frances Fisher como a avó de Dawn, Yvonne Orji como a produtora Rachel e Christin Park como Jasmine, colega de quarto no programa. Embora alguns personagens secundários tenham pouco desenvolvimento, eles reforçam o contraste entre as convenções do reality e a relação central da história.
A crítica por trás da comédia romântica
Um dos pontos mais interessantes de A Paris Errada está em sua camada satírica. O filme ironiza a estrutura de realities como The Bachelor, expondo a artificialidade das disputas amorosas televisionadas. Os arquétipos recorrentes — a vilã, a candidata desesperada, a competidora obcecada por família — aparecem em versões exageradas, mas funcionam para evidenciar como esses formatos se apoiam em estereótipos previsíveis.
Essa abordagem também dialoga com a crescente crítica ao papel dos influenciadores digitais e ao modo como parte deles se apropria de programas de namoro para ampliar visibilidade, em vez de buscar conexões autênticas.
Clichês e escolhas narrativas de A Paris Errada
Apesar da premissa inventiva, A Paris Errada não escapa de alguns clichês do gênero. O conflito central se apoia na dificuldade de Dawn em revelar a verdade a Trey sobre seus reais motivos para estar no programa, um recurso dramático que soa forçado em determinados momentos. Ainda assim, o longa evita outros atalhos comuns, como colocar a protagonista diante da necessidade de escolher entre amor e carreira, permitindo que os dois elementos coexistam.
O filme também aposta em diálogos leves e em situações de humor físico, preservando o tom de comédia romântica acessível ao público global da Netflix.
Crítica: onde A Paris Errada (The Wrong Paris, 2025) se encaixa no catálogo da Netflix
A Paris Errada se insere na linha de produções românticas da Netflix que misturam fantasia romântica com doses de sátira social. Embora repita estruturas conhecidas, encontra frescor ao ironizar a indústria dos realities de namoro e ao retratar a busca de uma jovem por autonomia pessoal e profissional.
Com um elenco carismático, uma proposta divertida e críticas sutis à cultura midiática contemporânea, o longa cumpre o papel de oferecer entretenimento leve, ainda que previsível. Para fãs de comédias românticas e para quem acompanha o universo dos realities de relacionamento, é uma opção que dialoga bem com o catálogo atual da plataforma.