Lançado no Prime Video, A Ordem (The Order, 2024) é o mais recente trabalho do diretor Justin Kurzel, conhecido por mergulhar em narrativas de violência e tensão social. O longa traz Jude Law no papel do agente do FBI Terry Husk, um investigador marcado por culpas e arrependimentos pessoais que se vê diante de uma ameaça crescente: a ascensão de uma célula supremacista branca disposta a impor sua ideologia pelo terror. Confira a nossa crítica:
A trama de A Ordem
O filme tem início em 1983, quando o radialista Alan Berg (Marc Maron) trava debates inflamados com ouvintes antissemitas. Esse clima serve de pano de fundo para o surgimento de Robert Matthews (Nicholas Hoult), figura central do grupo extremista que planeja ataques violentos contra o governo.
Husk chega à pequena cidade de Coeur d’Alene, em Idaho, para investigar um desaparecimento que logo se conecta a assaltos a bancos e explosivos plantados na região. Ao lado do jovem policial Jamie Bowen (Tye Sheridan) e da agente Joanne Carney (Jurnee Smollett), ele passa a seguir os rastros da chamada Nação Ariana, movimento neonazista que cresce de forma organizada.
Kurzel, em vez de apenas construir um thriller policial convencional, contrapõe duas figuras centrais. De um lado, Matthews, que se apresenta como um líder sereno e carismático, capaz de recrutar seguidores pelo discurso aparentemente brando. Do outro, Husk, um agente marcado pela obsessão e pelo isolamento familiar. Ambos os personagens, ainda que em lados opostos da lei, são moldados pelo mesmo elemento: o ódio.
A Ordem conta com Jude Law e Nicholas Hoult em papéis complementares
Um dos pontos altos de A Ordem é a dinâmica entre Jude Law e Nicholas Hoult. Enquanto Law entrega um Husk taciturno e consumido por erros do passado, Hoult assume um Matthews que mistura fanatismo e ambição de poder. Essa dualidade é explorada em cenas de confronto direto, que reforçam a ideia de que caçador e presa podem facilmente trocar de posição.
A construção desses paralelos torna-se ainda mais clara em momentos simbólicos, como quando Husk mira um cervo em uma floresta sem perceber que, ao mesmo tempo, está na mira de Matthews. Essa cena resume o jogo de perseguição que o filme propõe.
A visão de Justin Kurzel em The Order
Kurzel mantém o rigor estético já presente em obras anteriores, como A Verdadeira História da Gangue Kelly. As paisagens rurais captadas pelo diretor de fotografia Adam Arkapaw transmitem uma beleza melancólica que contrasta com a violência da narrativa. Mais do que expor os atos extremistas, o filme busca compreender como o ódio se infiltra em comunidades e molda relações pessoais e institucionais.
O roteiro, escrito por Zach Baylin, Kevin Flynn e Gary Gerhardt, evita a romantização da violência. Em vez disso, ressalta suas consequências, tanto para os que a praticam quanto para aqueles que tentam combatê-la. Essa abordagem coloca o espectador diante de uma reflexão amarga: a luta contra o extremismo pode consumir tanto quanto a própria ideologia que se combate.
Crítica: A Ordem (The Order, 2024) é um bom filme pra conferir no Prime Video?
Com 120 minutos de duração, A Ordem combina thriller policial, drama investigativo e comentário social. Jude Law e Nicholas Hoult conduzem a trama com intensidade, apoiados por um elenco coadjuvante sólido. O resultado é um filme que, além de prender a atenção, expõe as cicatrizes deixadas pelo ódio e pela violência. Assista no Prime Video clicando aqui.