Um duelo psicológico no centro da trama
A Namorada Ideal (The Girlfriend), nova série de suspense do Prime Video estrelada por Olivia Cooke (A Casa do Dragão) e Robin Wright (House of Cards), adapta o romance homônimo de Michelle Frances. A produção acompanha o embate entre Laura Sanderson, mãe superprotetora, e Cherry Laine, a nova namorada do jovem Daniel, interpretado por Laurie Davidson. Ao longo de seis episódios, a narrativa se constrói como um duelo psicológico em que apenas uma das duas mulheres poderá dominar o terreno emocional e social. Leia a nossa crítica:
O ponto de partida é claro: Cherry entra em uma família de classe alta, enquanto Laura enxerga em cada atitude da jovem um motivo para suspeita. O espectador é lançado nesse jogo de desconfiança e manipulação, sem certezas absolutas sobre quem fala a verdade.
A Namorada Ideal e as perspectivas opostas
Um dos diferenciais da série está na escolha de mostrar a história sob diferentes pontos de vista. Enquanto Laura percebe Cherry como uma ameaça disfarçada, Cherry enxerga a sogra como uma presença invasiva e controladora. A alternância de perspectivas gera a dúvida central: quem é a verdadeira antagonista?
Esse recurso dá espaço para que Robin Wright, além de atuar, também dirija episódios, e para que Olivia Cooke explore nuances entre fragilidade e agressividade. No entanto, apesar do potencial, a série nem sempre aproveita a fundo a ideia do narrador não confiável, o que pode deixar a experiência fragmentada.
Classe social como pano de fundo da série do Prime Video
Assim como outros thrillers contemporâneos, A Namorada Ideal incorpora a questão da diferença de classe. Cherry vem de uma origem modesta, mas busca ascender ao círculo social dos Sandersons. Já Laura representa os privilégios da elite londrina. O choque entre esses mundos permeia cada episódio, embora o desenvolvimento do tema seja menos aprofundado do que poderia ser.
Ainda assim, o contraste social ajuda a contextualizar as motivações das personagens e reforça o caráter competitivo do relacionamento entre mãe e namorada.
O papel de Daniel na trama
Curiosamente, Daniel, interpretado por Laurie Davidson, tem pouca relevância em si. Ele funciona mais como objeto de disputa do que como protagonista. Sua presença reforça a tensão, mas as verdadeiras forças motoras da narrativa são Laura e Cherry. Essa escolha narrativa coloca em primeiro plano o duelo feminino e deixa claro que o jovem médico serve como catalisador de conflitos, e não como figura central.
Referências de A Namorada Ideal e comparações
A Namorada Ideal dialoga com outras produções do gênero, lembrando títulos como The Undoing, Expats e até referências mais antigas, como Fatal Attraction e A Guerra dos Roses. A série também resgata elementos de melodrama, aproximando-se de tramas marcadas pelo excesso e pela teatralidade, o que pode dividir a opinião do público.
Entre manipulação e vingança
O enredo ganha força quando mostra até onde Laura e Cherry estão dispostas a ir para manter ou conquistar espaço na vida de Daniel. Se, em um primeiro momento, a narrativa sugere apenas desconfiança, logo evolui para sabotagens, perseguições e jogos de poder. Ao longo dos episódios, ambas as personagens revelam traumas pessoais que justificam parte de suas atitudes: Laura lida com a perda de uma filha, enquanto Cherry carrega marcas de um relacionamento abusivo com o pai.

Esses elementos ajudam a humanizar as personagens, mas também reforçam a imprevisibilidade de suas ações, deixando em aberto até o final quem realmente está no controle.
Um suspense entre exagero e tensão
Ao optar por um tom que mistura suspense psicológico e exagero dramático, A Namorada Ideal cria um equilíbrio instável entre intriga e espetáculo. Para alguns espectadores, a série pode soar como uma versão atualizada de clássicos dos anos 1980, em que rivalidades se transformam em guerras pessoais intensas. Para outros, o excesso de reviravoltas pode comprometer a consistência da narrativa.
Crítica de A Namorada Ideal: vale a pena assistir no Prime Video?
A Namorada Ideal é um thriller que aposta na rivalidade feminina como motor da trama, trazendo interpretações fortes de Robin Wright e Olivia Cooke. Embora por vezes se perca em exageros ou deixe de aprofundar os temas sociais que apresenta, a série oferece momentos de tensão e mantém o público preso ao dilema central: Laura é apenas uma mãe zelosa ou uma mulher obcecada? Cherry é uma jovem apaixonada em busca de aceitação ou uma manipuladora calculista?
Ao final, a produção do Prime Video não entrega respostas definitivas, mas garante uma experiência que mistura drama familiar, crítica social e suspense psicológico.