A Mulher no Jardim - crítica, fatos e curiosidades do filme de terror A Mulher no Jardim - crítica, fatos e curiosidades do filme de terror

A Mulher no Jardim (2025) | Crítica do Filme | Prime Video

O diretor espanhol Jaume Collet-Serra, conhecido por obras como A Órfã e Águas Rasas, retorna ao terror com A Mulher no Jardim (The Woman in the Yard), produção da Blumhouse que chega ao Prime Video apostando em uma mistura de sustos sobrenaturais e drama psicológico. O filme, estrelado por Danielle Deadwyler, tenta se afastar dos clichês do gênero, mas acaba tropeçando na própria ambição ao transformar a dor do luto em metáfora literal. Confira a crítica do filme de terror:

A Mulher no Jardim

Um terror sobre culpa e isolamento

A trama apresenta Ramona (Danielle Deadwyler), uma mulher em recuperação após um acidente de carro que tirou a vida do marido (Russell Hornsby). Vivendo com os dois filhos, Tay (Peyton Jackson) e Annie (Estella Kahiha), ela tenta retomar a rotina em uma fazenda isolada na Geórgia. O cotidiano precário, agravado pelo corte de energia e o isolamento do mundo exterior, se torna insuportável quando uma figura misteriosa — uma mulher vestida de preto (Okwui Okpokwasili) — surge no jardim, perguntando: “Como eu vim parar aqui?”.

A partir desse momento, a realidade começa a se fragmentar. A presença da mulher parece refletir o trauma e a culpa de Ramona, enquanto o roteiro conduz o espectador a uma espiral de incertezas. O que é real e o que é fruto da mente fragilizada da protagonista torna-se o eixo central da narrativa.

A força de Danielle Deadwyler

O filme se sustenta quase inteiramente na atuação de Danielle Deadwyler, que entrega uma performance carregada de intensidade emocional. Sua Ramona é uma mulher que tenta manter a sanidade diante da perda, mas que se vê lentamente consumida por uma força invisível — seja ela sobrenatural ou psicológica. Deadwyler, também produtora executiva, imprime autenticidade às cenas de desespero e faz o espectador acompanhar cada colapso como se estivesse preso dentro daquela casa sufocante.

Ainda que o restante do elenco cumpra bem suas funções, é a protagonista quem dá forma ao que o roteiro nem sempre consegue expressar com clareza. O trabalho de Collet-Serra na direção ajuda nesse sentido: seus enquadramentos e o uso de sombras e luz reforçam a sensação de confinamento e desorientação.

Entre o suspense e o caos narrativo

O roteiro de Sam Stefanek tenta equilibrar o drama do luto com elementos sobrenaturais, mas acaba se perdendo em explicações vagas e regras pouco consistentes. A tensão do primeiro ato é eficiente, mas a partir da metade o filme mergulha em uma sucessão de eventos confusos — corredores escuros, aparições repentinas e mudanças de realidade — que enfraquecem o impacto da história.

Em vez de explorar o simbolismo com sutileza, A Mulher no Jardim explicita demais suas intenções. O terror se torna previsível, e o mistério sobre a identidade da mulher no jardim perde força à medida que o filme avança. Ainda assim, Collet-Serra mantém certo controle sobre a atmosfera, utilizando a câmera e o som para criar momentos de desconforto genuíno.

A Mulher no Jardim - crítica, fatos e curiosidades do filme de terror

Crítica: vale à pena assistir A Mulher no Jardim no Prime Video?

Um retorno irregular ao terror

Com apenas 87 minutos de duração, o novo longa do diretor marca um retorno à sua zona de conforto após experiências em grandes produções como Adão Negro e Jungle Cruise. No entanto, a tentativa de combinar horror psicológico e sustos tradicionais resulta em uma obra desequilibrada, mais interessante em suas ideias do que em sua execução.

Mesmo irregular, A Mulher no Jardim reforça a habilidade de Collet-Serra em criar tensão a partir de espaços limitados e personagens atormentados. É um filme que funciona melhor como estudo de personagem do que como terror sobrenatural, sustentado pela entrega total de Danielle Deadwyler. Para o público do Prime Video, pode não oferecer grandes sustos, mas serve como retrato inquietante da solidão e da dor não resolvida.

Disponível no Prime Video, A Mulher no Jardim é um thriller de terror que confronta o luto e o medo com mais melancolia do que sustos — um retorno curioso, ainda que imperfeito, de Jaume Collet-Serra ao gênero que o consagrou.