A Netflix lança nesta quinta-feira, 10 de outubro, A Mulher na Cabine 10 (The Woman in Cabin 10), adaptação do best-seller de Ruth Ware estrelada por Keira Knightley. Dirigido por Simon Stone, o longa propõe um suspense em alto-mar que mistura paranoia, isolamento e uma atmosfera de mistério inspirada em Agatha Christie, mas que encontra dificuldades para manter o fôlego até o final. Leia a crítica do filme:
A trama acompanha Laura “Lo” Blacklock (Knightley), uma jornalista investigativa que tenta retomar a carreira após a morte de uma fonte em circunstâncias traumáticas. Em busca de um trabalho mais leve, ela aceita cobrir a viagem inaugural do iate de luxo Aurora Borealis, pertencente ao casal de magnatas Anne (Lisa Loven Kongsli) e Richard Bullmer (Guy Pearce). O cruzeiro, com destino à Noruega, reúne celebridades e figuras da elite mundial para um evento beneficente — mas o ambiente glamouroso logo dá lugar a uma intriga sombria.
Na primeira noite a bordo, Lo ouve uma briga na cabine ao lado e um corpo sendo jogado ao mar. Quando tenta reportar o ocorrido, é informada de que a cabine 10 está vazia e que ninguém está desaparecido. A partir daí, a jornalista começa uma investigação solitária entre os passageiros, enfrentando a descrença da tripulação e o medo crescente de que alguém queira silenciá-la.
O filme se apoia na performance de Keira Knightley, que constrói uma protagonista em constante tensão entre lucidez e colapso emocional. Ao redor dela, um elenco de nomes reconhecíveis — Hannah Waddingham, Kaya Scodelario, David Morrissey e David Ajala — compõe o mosaico de suspeitos à moda Christie, ainda que muitos deles apareçam subaproveitados pela montagem apressada e pelo roteiro que oscila entre o thriller psicológico e o drama de conspiração corporativa.
A direção de Simon Stone investe em um visual elegante, com design de produção detalhado e uso simbólico de reflexos e espelhos para sugerir segredos e duplicidades entre os personagens. No entanto, a fotografia de Ben Davis, dominada por tons azulados e cinzentos, reforça uma sensação de uniformidade que acaba drenando parte da tensão. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch tenta resgatar o suspense clássico, mas o ritmo irregular e as soluções narrativas previsíveis enfraquecem o impacto.
Com roteiro adaptado por Emma Frost, Joe Shrapnel e Anna Waterhouse, A Mulher na Cabine 10 se aproxima de obras como A Garota no Trem e A Mulher na Janela, repetindo o foco em uma protagonista desacreditada que precisa provar sua sanidade enquanto busca a verdade. O resultado é um thriller atmosférico que, embora eficiente em momentos pontuais, se perde em excessos de explicação e na falta de consistência dramática.
Crítica do filme: vale à pena assistir A Mulher na Cabine 10 na Netflix?
Mesmo sem alcançar o potencial de seu material original, o filme oferece um estudo interessante sobre a fragilidade da percepção e o poder da dúvida. No fim, A Mulher na Cabine 10 se mantém à tona mais pela presença magnética de Knightley do que pela força de seu mistério.