Ben Affleck é conhecido também por seu trabalho dirigindo filmes. Como o excelente “The Town” e o interessante “Argo“, este que, venceu 3 Oscars incluindo o de melhor filme em 2013 na 85º edição da premiação da academia.
Com obras desse porte em suas mãos, podemos esperar ver sempre algo bom vindo da direção de Affleck, e com A Lei da Noite (Live By Night) não foi diferente. Mesmo com a ofuscação que o filme sofreu por conta de Ben ser o Batman no DCverse, havia expectativa a respeito deste novo longa. Desta vez, um filme de máfia. Um trailer bastante eufórico, com várias tomadas interessantes e eletrizantes. Esperamos para ver.
Baseado no romance escrito em 2012 por Dennis Lehane e adaptado por Ben Affleck, vemos o personagem Joseph Couglhin (Ben Affleck) um homem que voltou da guerra traumatizado e que se recusa a matar e a seguir ordens o que o leva a entrar no mundo do crime. A história inteira é acompanhada pelo ponto de vista de Joseph.
No início do primeiro ato de A Lei da Noite temos uma narração em off explicando um pouco das motivações do personagem e um flashback, o que é sem dúvida o melhor ato do filme, o que não quer dizer que não tenha problemas. O recurso de narração, durante o filme inteiro, é usado como “aceite o que estou dizendo, eu não preciso mostrar”, o que já não entra no famoso “show don’t tell” (mostre, não diga). Nos forçando a crer que existem relações e laços fortes com certos personagens, tornando assim sem peso os fatos decorrentes.
A narrativa é inconstante, não se acha no seu próprio tom e não se decide entre: Romance, máfia, vingança, redenção, e a oscilação entre esses aspectos torna a história massante e pouco interessante ao espectador. Tal alternância deixam os núcleos poucos substanciais e até em certos níveis, bobos. O personagem Maso Pescatore (Remo Girone) não convence a ninguém que é um chefe de máfia, por exemplo.
O cast é bem interessante, porém, bastante sub-aproveitado. Zoe Saldana interpreta Graciela Suárez, par romântico do protagonista, e ela está resumida a caminhadas, frases de efeito e encaradas profundas. E diga-se de passagem, o que não falta aqui são frases de efeito. Ben Affleck…bem, ele está sendo o Ben Affleck…
Há também tentativas de explorar um sub-texto com o preconceito contra os negros, o envolvimento da KKK, mas é tudo muito superficial e nada demais é aprofundado.
A parte de design de produção, fotografia e maquiagem é que são bem bacanas. Os figurinos são lindos, ternos e vestidos dos anos 20, a ambientação, cinematografia é elegante, o aspecto noire, e há um jogo de cores e filtros bem interessantes, no primeiro ato temos uma paleta mais acinzentada, mais fria, no segundo ato, quando o personagem Joseph ressurge, as cores ficam mais vivas, mais quentes, uma paleta mais voltada para o sépia. A Lei da Noite é inconstante, o que poderia ser uma excelente história sobre vingança e máfia, se torna massante e não reflete a competência de seu diretor.