Dupla faz valer o ingresso de filme inspirado na obra de Nicholas Searle, sob a direção de Bill Condon
Pode até parecer um absurdo dizer que um filme do diretor de Crepúsculo – Amanhecer Parte 1 e 2 seja uma boa pedida para você ir ao cinema, seja sozinho ou acompanhado. Mas a verdade (perdoe o trocadilho) é que A Grande Mentira é um programa interessante, seja por seu elenco ou pela
A trama acompanha Roy (Ian McKellen), um vigarista especializado em aplicar convincentes golpes nas pessoas, desde transações financeiras até relacionamentos amorosos. É a partir disso e através de um site de relacionamentos que ele conhece Betty (Helen Mirren), uma viúva com grande potencial financeiro para as intenções do octagenário golpista, que tem como principal entrave o neto da mulher que não está gostando da precoce aproximação dos dois.
Existem adaptações e adaptações
Não que vejamos aqui a vergonha alheia que foi a adaptação da fraca saga de Stephenie Meyer para as telas. Bill Condon (o diretor) é um cara com experiencia o suficiente para conduzir um projeto com roteiro pronto, assim como fez com o live action de A Bela e a Fera (2017) da Disney. Faço essas comparações porque A Grande Mentira, por sua vez, também é uma adaptação de livro, do autor Nicholas Searle. e que chega em dezembro de 2019 pela editora Record.
A diferença de Crepúsculo e a Bela e a Fera para A Grande Mentira é, além de ser uma obra mais madura, a premissa e o elenco que envolve o projeto.
Ian McKellen e Helen Mirren formam uma dupla com muita presença em cena, onde nenhum diálogo entre os dois são desinteressantes. O primeiro é favorecido pelo texto desde o começo do filme, onde vemos suas inclinações para a contravenção – ao passo que consegue convencer os outros de ser um idoso em clara decadência física. Mirren, por sua vez, ganha mais destaques do meio para o final da trama, seja pelos motivos óbvios que qualquer um pode deduzir (não vou dar spoilers aqui), ou mesmo pela maneira que tudo acontece. São atores consagrados e experimentados que valem o ingresso da sessão.
O roteiro possui a complicada missão de entreter o espectador na história do filme, enquanto prepara seu plot twist principal. O bom de tudo isso é que, por mais que façamos o papel de espectador detetive e tentamos adivinhar o desfecho (e algumas coisas são até fáceis de deduzir), a maneira como tudo isso acontece faz o longa valer a pena. É como se ao longo da trama a narrativa tomasse outra personalidade, transitando do gênero assalto para suspense.
Há inclusive uma metalinguagem quando Roy e Betty saem da sessão de Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. A trama é ambientada em 2009 (o que explica também o uso de site de relacionamento, e não um aplicativo como Tinder), e nesse momento a dupla tem uma interessante conversa sobre o desfecho do filme, onde Tarantino altera a maneira como o ditador nazista Adolf Hitller morreu.
No entanto, a narrativa não agrada muito em outros aspectos, como no uso de flashback para explicar grandes revelações da história. O recurso pode até ser válido, mas a maneira que é usado torna o filme mais arrastado que o normal, apesar de não passar de duas horas de duração.
A falta de uma assinatura autoral de Bill Condon também vai contra minha vontade de recomendar esse filme para você. Não há nada em seu trabalho que seja digno de grande destaque, como ângulos diferenciados ou uma fotografia sugestiva.
Seu grande mérito é não apagar o brilho da história e dos atores envolvidos, que são a alma de A Grande Mentira.