A Criança Roubada (Organ Child; Qi zi, 2025) - Crítica do filme taiwanês A Criança Roubada (Organ Child; Qi zi, 2025) - Crítica do filme taiwanês

A Criança Roubada (Organ Child, 2025) | Crítica do Filme | Netflix

O cinema taiwanês ganha destaque mundial com a chegada à Netflix de A Criança Roubada (Qi zi), dirigido por Chieh Shueh-bin. O filme, que estreou em 2025 com o título internacional de Organ Child, mistura elementos de thriller policial e drama familiar para abordar um dos temas mais perturbadores da atualidade: o tráfico de órgãos. Com estrutura dividida em quatro capítulos, a obra se equilibra entre a narrativa de vingança e uma reflexão sobre desigualdade social, corrupção e dor coletiva. Leia a nossa crítica do filme taiwanês.

A trama e o ponto de partida de Qi zi (2025)

O protagonista é Zhang Chi-mao (Joseph Chang Hsiao-chuan), treinador de beisebol infantil que vê sua vida ruir após o sequestro de sua filha recém-nascida. A criança desaparece em circunstâncias ligadas a uma rede de corrupção envolvendo médicos, policiais e intermediários do comércio ilegal de órgãos. Sem corpo para enterrar e sem respostas oficiais, Mao é acusado de assassinato e passa 18 anos na prisão.

Quando finalmente é libertado, ele parte em busca da verdade. Sua trajetória, marcada por violência e desespero, coloca no centro da história a possibilidade de que sua filha tenha sido usada como mercadoria em um esquema internacional de tráfico. Essa investigação o leva até Qiao (Moon Lee Yu-tung), uma jovem estudante que pode ter recebido o coração de sua filha. A relação entre Mao e Qiao torna-se o ponto de maior tensão dramática da obra.

Brutalidade gráfica e a narrativa de A Criança Roubada

Chieh Shueh-bin organiza a narrativa em capítulos, dos quais “Pecado” e “Expiação” se destacam por sua carga emocional. O recurso enfatiza a transformação do protagonista: de treinador querido pela comunidade, ele se torna um homem moldado pela dor, pela raiva e pela necessidade de vingança.

O filme alterna cenas de brutalidade gráfica com momentos de introspecção, criando um contraste entre violência explícita e silêncio emocional. A fotografia de Ahoj Chao Wei-chieh é essencial nesse processo, explorando tons escuros, ambientes opressivos e uma estética quase onírica nas sequências finais.

Temas e questionamentos de Organ Child, da Netflix

Organ Child dialoga diretamente com um problema real e alarmante: o tráfico de órgãos. Estima-se que mais de 10% dos transplantes no mundo sejam ilegais, movimentando bilhões de dólares e afetando principalmente comunidades vulneráveis. Ao trazer esse tema para o centro da narrativa, o filme ressalta como desigualdade, desespero e impunidade alimentam esse mercado.

Além disso, a obra levanta questões universais sobre amor paterno e limites morais. Até onde um pai pode ir para salvar ou vingar seu filho? A justiça pessoal pode realmente compensar a perda? Essas perguntas ecoam ao longo de toda a trama, especialmente na relação entre Mao e Qiao, que personifica a complexidade das consequências do crime.

Atuação e o impacto do filme taiwanês

Joseph Chang constrói um protagonista multifacetado, alternando fragilidade e explosões de fúria. Sua interpretação transmite não apenas o desejo de vingança, mas também a dor de alguém que perdeu tudo. Moon Lee, por sua vez, dá profundidade à personagem Qiao, que poderia facilmente ser reduzida a um papel secundário, mas ganha relevância na reta final da narrativa.

O elenco de apoio, embora irregular, sustenta os conflitos que expõem corrupção, ganância e desigualdade de poder. Ainda assim, é a relação central entre Mao e Qiao que conduz a experiência emocional do espectador.

Crítica: vale à pena assistir A Criança Roubada na Netflix?

A Criança Roubada (Organ Child) não é apenas um thriller de vingança, mas também um retrato sombrio das cicatrizes sociais deixadas pelo tráfico de órgãos. Com direção ousada, atuações intensas e uma estética marcante, o longa se firma como uma das produções taiwanesas mais comentadas do ano. Disponível na Netflix (assista aqui), o filme oferece uma narrativa que mescla brutalidade e reflexão, provocando o público a encarar dilemas morais que ultrapassam a tela.